Os vistos de viagem e Israel
Israel vale a adrenalina. Esse pequeno país do Oriente Médio, que tem o tamanho do Estado de Sergipe, está encravado entre inimigos. E protege-se com muito armamento e com a muralha da neurose. Cruzar suas fronteiras, portanto, mesmo como simples e inofensivo turista, é, muitas vezes, uma tarefa hercúlea - e altamente propensa a gerar belos micos de viagem.
Muitas pessoas que visitam Israel se sentem compelidas a conhecer o "outro lado da história" e, aproveitando as curtas distâncias da região, acabam indo também a lugares como Jordânia, Síria e Territórios Palestinos. Mas viajar pelo Oriente Médio não é fácil. Síria e Líbano barram turistas que tenham o visto israelense em seu passaporte. E o forasteiro pode ser hostilizado em países como Jordânia e Egito caso "confesse" haver visitado o Estado judaico.
Uma das melhores soluções para se desbravar a região, portanto, seria deixar Israel por último no roteiro - que, teoricamente, não barra ou discrimina turistas que estiveram em Estados árabes. Mas só teoricamente. Visitei o país em março deste ano, após haver passado por Jordânia, Síria e Egito. Na imigração da cidade de Eilat, na fronteira egípcia, a oficial israelense abriu meu passaporte e reconheceu a mácula: o visto sírio estava ali, claro e desafiador. O mico mais tenso de minha viagem estava prestes a começar.
A chefe da imigração me chamou à sua sala e me interrogou por uma hora. Queria saber de minhas conexões árabes e perguntou detalhes obscuros de minha vida pessoal. Confiscou, então, meus documentos e me enviou a uma sala de espera, onde fiquei por quase três horas. Chamou-me novamente para novo interrogatório. Fui encaminhado a uma sala de revistas, onde um grupo de seis soldados, que não aparentavam ter nem 18 anos, todos armados com supermetralhadoras, destrincharam minhas malas. Enquanto isso, outro soldado me apalpava em busca de alguma bomba imaginária.
A passagem pela imigração demorou mais de cinco horas, tudo por causa de um inocente visto sírio. E conversei depois com viajantes que passaram pela mesma situação. Mas Israel vale a adrenalina. Jerusalém, sagrada para as três principais religiões monoteístas do mundo, é uma das cidades mais fantásticas de nosso planeta e ver como israelenses e palestinos convivem de maneira tão próxima é uma grande experiência de viagem. O conselho: não importa sua procedência, a admissão a Israel tem grandes chances de ser um processo estressante. Prepare-se psicologicamente e, se possível, não porte nenhum objeto muçulmano (como o Alcorão, por exemplo) - que pode render assunto para uma tensa conversinha.
fonte: http://viagem.uol.com.br/ultnot/2009/09/08/ult4466u694.jhtm
Ismailon Moraes
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