sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Banheiros estão ligados a doenças em cruzeiros, diz estudo


É a maneira perfeita de se estragar umas férias, e aconteceu 66 vezes desde 2005: uma epidemia de problemas gastrointestinais a bordo de um navio de cruzeiro. Agora, um estudo sugere um possível culpado: banheiros sujos. A maioria dos banheiros nesses navios não está sendo adequadamente limpa, segundo os autores da pesquisa, e um programa de saneamento dirigido pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, da sigla em inglês) não detecta aqueles que estão sujos.

De acordo com os pesquisadores, em artigo publicado na edição de 1º de novembro do Clinical Infectious Diseases, o CDC identificou a contaminação por norovírus como o problema em quase todas essas infecções. Porém, esses navios geralmente obtiveram altas avaliações na inspeção próxima da epidemia. Na verdade, suas notas foram em média mais altas do que aquelas de navios cujos passageiros não tiveram episódios de diarreia. O norovírus consegue sobreviver durante semanas em superfícies em temperatura ambiente, e é difícil de exterminar. "É um vírus durão", disse o principal autor do estudo, Philip C. Carling. "Ele não morre quando lavamos a mão com álcool. A única coisa que funciona é a água sanitária".

Houve 19 epidemias de doenças intestinais durante o período do estudo, de três anos. Embora a pesquisa não tenha sido desenvolvida para detectar norovírus ou estabelecer a causa de quaisquer doenças, as notas da limpeza dos banheiros eram levemente mais baixas nos navios que tiveram epidemias, em relação aos que não tiveram. A diferença não foi estatisticamente significativa, mas os autores disseram que as descobertas eram consistentes com a possibilidade de que a contaminação dos banheiros contribuiu à epidemia do norovírus.

Para o estudo, os pesquisadores testaram banheiros em 56 navios de cruzeiro com capacidades entre 1.258 e 3.600 passageiros. Usando uma solução de fácil remoção, visível somente sob luz ultravioleta, eles marcaram a porta do banheiro, os assentos do vaso, botões de descarga, portas dos camarotes, maçanetas e mesas de troca de bebês em 273 banheiros públicos aleatoriamente selecionados.

Em seguida, eles os monitoraram durante cinco a sete dias para ver se a solução havia sido removida por limpeza ou desinfecção (Carling solicitou a patente da solução usada pelo estudo para detectar a limpeza). Quatro dos navios obtiveram notas perfeitas, ou quase perfeitas: os banheiros foram meticulosamente limpos todos os dias. No geral, entretanto, apenas 37% dos 8.344 objetos foram limpos diariamente. A maioria dos navios não possuía mesas para troca de bebês, mas em três desses, que tinham as mesas, nenhuma delas foi limpa durante o período do estudo.

Esse desempenho, embora não seja encorajador, não é muito pior que o de hospitais de tratamentos graves, onde um estudo similar, publicado no ano passado, descobriu que apenas 46,5% dos objetos nas áreas dos banheiros eram consistentemente limpos.

fonte:http://www1.folha.uol.com.br/folha/turismo/noticias/ult338u654599.shtml

Ismailon Moraes

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