terça-feira, 24 de novembro de 2009

Paisagista diz que Teresina há muito não é mais a Cidade Verde




Teresina possui hoje apenas ilhas de áreas verdes

Hoje, 157 anos depois, Teresina ainda se destaca como uma das cidades brasileiras que mais preserva suas alamedas, praças e parques. Não é preciso andar muito para se encontrar uma praça arborizada ou mesmo um parque ambiental preservado. Bastar percorrer as margens dos rios Parnaíba e Poti.

Mas, há muito Teresina deixou de ser a Cidade Verde. Pelo menos, na visão do paisagista José Raimundo Machado, autor de inúmeros projetos de arborização da cidade. Para ele, “o desenvolvimento urbano ignorou completamente a necessidade de se preservar áreas cruciais para o equilíbrio ecológico”.

Machado diz que nos últimos cinqüenta anos a capital mafrense mergulhou num processo que resultou no aumento da temperatura e queda brutal da umidade relativa do ar, no período do BR-O-BRO.

Ele conta que a situação topoclimática da cidade muito baixa em relação ao nível do mar, aliada a redução das áreas verdes e as queimadas constantes foram as grandes responsáveis pela perda do título de Cidade Verde.

O codinome foi cunhado pelo poeta Maranhense Coelho Neto, na segunda metade do século 19, pouco tempo depois da inauguração da nova capital.

“Mas, não podemos esquecer da falta de uma ação enérgica do Poder Público no que tange ao crescimento descontrolado da área urbana. Os lixões, a verticalização (com a construção de prédios) e a impermeabilização através de calçadas, calçamento de ruas, asfaltamento de avenidas e quintais encimentados, contribuíram para a elevação da temperatura”, explica Machado.

Estudos recentes comprovam que o clima no Piauí tem se transformado. Na capital, a temperatura subiu entre meio e três e meio graus centígrados só nos últimos dez anos.

“Hoje, Maringá, no sul do Paraná, destaca-se no país, como cidade modelo, com 300 mil habitantes e noventa mil árvores de domínio público. Já Teresina com 800 mil moradores possui um déficit de pelo menos 150 mil árvores”, compara o paisagista.

Ele defende um programa imediato de plantio de árvores nativas. “Mas, tem que haver planejamento. Não basta plantar qualquer muda. Tem que ser de uma árvore completamente adaptada ao solo e ao clima e, sobretudo, que não vá concorrer com os prédios e equipamentos públicos”, sentenciou.

Machado é crítico da técnica de transposição de árvore que o prefeito Sílvio Mendes trouxe da China e implantou nas avenidas Kennedy e Ferroviária. “Além de caro, o processo é criminoso. Tirar uma árvore da mata e vendê-la na cidade é o mesmo que retirar uma arara azul do mato e comercializá-la. O mais prudente e barato seria o plantio de mudas”, finaliza.

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