A CNTur (Confederação Nacional do Turismo) e a Abresi (Associação Brasileira de Gastronomia) assinaram na última segunda-feira uma parceria com a Fundação Dorina Nowill para Cegos para a produção de cardápio em formato braille a preços mais acessíveis. A parceria, firmada durante a Fistur (Feira Internacional de Produtos e Serviços para Gastronomia, Hotelaria e Turismo), prevê também o treinamento e a capacitação dos funcionários dos estabelecimentos.
De acordo com lei municipal, todos os estabelecimentos no município de São Paulo que comercializem refeições e lanches são obrigados a disponibilizar um ou mais cardápios em braille, constando o nome do prato, ingredientes utilizados, relação de bebidas e preços. Além de braille, o cardápio deve ter o texto em tamanhos maiores para aqueles que têm baixa visão e que não leem o braille.
O diretor presidente da Fundação Dorina Nowill para Cegos, Alfredo Weisflog, disse que a parceria fará com que os estabelecimentos se enquadrem na lei e que os deficientes visuais tenham pleno acesso a restaurantes, lanchonetes e bares. “Como qualquer outro ser humano ele [cego] come, consome, paga impostos e tem pleno direito a ter informação e independência de escolher seu menu e não depender de que outros leiam para ele.”
Para Weisflog, nem todos os estabelecimentos se enquadravam na lei porque a confecção do cardápio tem custo elevado. Além disso, segundo ele, as empresas avaliavam esse tipo de cardápio como “dispensável” uma vez que nem todos os dias recebiam clientes com deficiência visual. “Por isso os estabelecimentos preferem ler o cardápio. E a inclusão [do cardápio em braille nesses locais] nem sempre é um trabalho de simples convencimento.”
O custo de um cardápio em braille varia de R$ 40 a R$ 45. Mas os afiliados à Abresi terão descontos e poderão oferecer treinamento aos funcionários sobre como tratar um deficiente visual.
O presidente da Abresi e da CNTur, Nelson de Abreu Pinto, reforçou que a parceria tem o intuito de melhorar o atendimento aos portadores de necessidades especiais, além de arrecadar recursos para ajudar essas pessoas. “Antes, cada estabelecimento procurava seu próprio fornecedor para fazer o cardápio. Com a parceria todos farão no mesmo lugar. Antes não se fazia isso porque não havia integração entre as entidades oficiais.”
Para a revisora braille Rita de Cássia Martins de Araújo, o cardápio braille é mais uma forma de ajudar o deficiente visual a se sentir independente. “Quando vou a um restaurante e não há o cardápio braille preciso pedir ajuda das pessoas, do garçom. É até meio constrangedor sabendo que isso poderia não ser necessário já que temos recursos e uma lei para isso.”
Rita lembrou que em diversas situações já citou a obrigatoriedade do cardápio braille em estabelecimentos que não o disponibilizavam para o cliente. Ela disse que os proprietários precisam ser melhor informados e que o Poder Público tem de intensificar a fiscalização.
fonte:http://www.jornaldeturismo.com.br/noticias/sp/32127-parceria-facilita-acesso-a-cardapio-em-braille-para-restaurantes-e-bares-de-sao-paulo.html
Ismailon Moraes
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