terça-feira, 11 de maio de 2010

Carros elétricos substituem camelos nas pirâmides do Egito

A imagem de dezenas de camelos e carroças paradas em frente às pirâmides de Gizé à espera de turistas está com os dias contados por ordem das autoridades egípcias, que querem os carros elétricos fazendo o transporte. "Já não é possível esperar os turistas com o camelo ao pé das pirâmides", diz à Agência Efe Gamal Sayed, um egípcio que há 25 anos trabalha no lombo destes ruminantes nas proximidades das pirâmides de Queóps, Quefren e Miquerinos, que formam uma das sete maravilhas do mundo. Da mesma forma que Gamal e seu camelo "Duba Duba", meia centena de condutores de camelos esperam pelos visitantes em um novo lugar dentro do recinto faraônico.

Os visitantes serão levados até este local para em frente a uma vista panorâmica da pirâmide de Gizé, declarada Patrimônio Mundial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e situada a cerca de 20quilômetros do Cairo. Este novo local é ainda provisório porque, segundo explica outro dos trabalhadores, Omar, os estábulos definitivos ficarão na estrada que leva à localidade de Al Fayoum. "Os turistas não vêm às pirâmides só para ver pedras, mas também para montar nos camelos", diz Omar. Com um turbante na cabeça e óculos de sol, este cameleiro critica as mudanças projetadas pelo secretário-geral do Conselho Superior de Antiguidades, Zahi Hawas, já que acredita que acabarão com a tradicional imagem dos guias turísticos.

"Não entendemos o que quer Hawas", queixa-se o cameleiro rodeado de ruminantes e vendedores de papiros e outras lembranças sob o sol de meio-dia nas dunas do deserto. Hawas, o arqueólogo que está sempre com seu característico chapéu ao estilo de Indiana Jones e é encarregado de apresentar as descobertas arqueológicas, assegura que é uma tentativa de "salvar as pirâmides", e comemora que "tenham retirado os cavalos e carros do entorno das pirâmides".

"Muitos dos proprietários de camelos fazem coisas que danificam o turismo. Recebo cartas de turistas dizendo que nunca mais voltarão ao Egito porque foram maltratados ou acossados por eles", contou Hawas no semanário em inglês do jornal "Al-Ahram". O projeto de modernização do planalto de Giza, que lotou nos últimos dias o recinto de policiais em camelos, operários e máquinas, mudará o acesso da chegada dos ônibus.

"Os turistas poderão ver os estábulos tão logo desçam dos ônibus e isto ajudará a tomar uma decisão imediata sobre se montam ou não em cavalos ou camelos", explica Hawas. Mas nunca, pelas novas normas, poderão vagar em camelos ou cavalos perto das pirâmides, e sim longe delas. A principal novidade, no entanto, será a ampliação da oferta de transporte com o uso de carros elétricos, que "os turistas poderão pegar para chegar até a segunda pirâmide e depois caminhar pelo recinto", segundo Hawas. "A partir de agora ninguém ficará próximo dos turistas perguntando se querem montar em um camelo ou comprar uma lembrança", acrescenta o arqueólogo, que confessa que seu sonho "é limpar o planalto de Gizé e devolvê-lo a sua glória primitiva".

E, de quebra, contemplá-lo em carros elétricos. Estes carros transformaram-se no alvo das críticas dos cameleiros, que os consideram um concorrente de quatro rodas que terminará com o negócio deles. Enquanto explica seus motivos para opor-se à "invenção", Omar aponta para uma nova estrada que aparece na metade do deserto em direção às pirâmides e que empregados do governo pretendem acabar.

"Trabalharemos onde nos permitam, embora seja mais longe e os turistas terão maior dificuldade de chegar ali para montar em nossos animais", sustenta Omar. Diante das críticas do secretário-geral do Conselho de Antiguidades, que os acusa de enganar e abusar dos turistas, Omar responde que "eles não obrigam ninguém a subir em camelos". "Negociamos sempre o preço antes de os turistas montarem nos animais", assinala Gamal, que explica que seu trabalho começa cedo, "às 7h e termina às 16h", hora em que todos retornam para suas casas.

fonte:http://www1.folha.uol.com.br/folha/turismo/noticias/ult338u732859.shtml

Ismailon Moraes

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