Enquanto rumores de um golpe de Estado fracassado corriam pelo ar quente e úmido noturno de Bujumbura, a capital do Burundi, ninguém parecia inclinado a deixá-los estragar o humor. Aquela era a noite de salsa no Le Kasuku (10 Avenue de l’Industrie; 257-22-223-731), um eclético bar e restaurante de inspiração franco-belga. Mas se as preocupações do dia neste país cansado de guerra podem parecer um pouco demais para suportar, você não perceberia pelos quadris girando na pista de dança.
Uma cena incongruente? Talvez, mas uma burundinesa ao mesmo tempo. Durante toda a guerra civil que aumentava e diminuía em intensidade nesta pequena república centro-africana por mais de 15 anos, um espírito de desafio parecia se infiltrar na vida cotidiana. “Durante a guerra, você nunca sabia o que o dia seguinte traria”, disse uma mulher jovem segurando um drinque no Kasaku. “Nossa geração não tinha medo como a de nossos pais. Nós tínhamos que viver.”
No Burundi pós-guerra é possível sentir esse espírito, apesar da paz permanecer frágil. As tensões estavam altas antes das eleições locais e presidencial, e a segurança no interior é sempre tênue. Mas desde que o último grupo rebelde baixou suas armas em 2008, os observadores internacionais estão cautelosamente otimistas de que Burundi possa finalmente estar no caminho de uma paz duradoura.
É uma notícia bem-vinda para Bujumbura, uma cidade livre e despreocupada de palmeiras e prédios coloniais art déco às margens do Lago Tanganyika. Antes da “crise”, como a guerra civil é conhecida aqui, a cidade era famosa por um joie de vivre que apenas parece ter sido ajustado pelo conflito. Hoje, congoleses, ruandeses e funcionários de ajuda humanitária por toda a região vão aos clubes noturnos da cidade, dançando até o amanhecer e tratando suas ressacas nas belas praias lacustres da área.
No Bora Bora (Chaussée d’Uvira; 257-29-551-811; boraborabujumbura.com), que abriu em 2008 em uma elegante cabana de praia nos arredores da cidade, moradores locais endinheirados, funcionários da ONU e funcionários de ajuda humanitária estrangeiros se misturam em meio a uma trilha sonora moderada de house e reggae. É o local onde ser visto nas tardes de domingo, quando você terá que disputar um lugar em uma das daybeds em tons pastéis. É melhor pegar uma espreguiçadeira e desfrutar das vistas da piscina.
Ao anoitecer, os farristas começam a frequentar uma série de bares e restaurantes ao longo da Avenue de la Plage. Kiboko Grill, no luxuoso hotel Ubuntu Residence (Avenue de la Plage; 257-22-244-067), um local tranquilo, com gramados aparados, uma piscina e um grupo de garças brincando em meio às flores.
No Maquis (Avenue de l’Université; 257-22-251-171), um bar e grill ao estilo americano nos arredores do movimentado distrito de Bwiza, filés suculentos e espetinhos de carne são servidos em um atraente espaço ao ar livre, sob os galhos de uma enorme figueira. Para mais ar boêmio, passe no Centre Culturel Français (9 Chaussée Prince Rwagasore; 257-22-222-351), onde exposições de arte, leituras de poesia e apresentações ao vivo atraem o público de arte.
Não se dê ao trabalho de chegar antes da meia-noite no Havana Club (20 Boulevard Uprona; havanaclubujumbura.com; 257-29-520-943), um lounge e clube noturno lotado de um dos muitos prédios art déco coloridos que pontilham a cidade. As noites em Bujumbura são longas e começam tarde, de forma que você poderá até mesmo ver o nascer do sol.
fonte:http://viagem.uol.com.br/ultnot/2010/07/24/as-noites-livres-e-despreocupadas-de-burundi.jhtm
Ismailon Moraes
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