sexta-feira, 3 de setembro de 2010

O maior museu particular do Brasil fica em Campo Maior (PI)

Campo Maior é cheia de riquezas, uma lagoa que abre as portas da cidade, um povo acolhedor, a melhor carne de sol do estado, sedia um dos pontos turísticos do Piauí (local onde aconteceu a batalha do Jenipapo) e muito mais. Além desses, um ponto chama a atenção, uma estação abandonada, com muitos trecos dentro e um homem simples e muito simpático para recepcionar. Onde estamos? Fundação Cardoso Neto, Museu José Didôr, o maior museu particular do país, administrado por José Didôr, um senhor de 64 anos, cheio de histórias e muita alegria.

O museu já foi visitado por pessoas de todos os lugares do mundo, no livro de visitas, assinaturas de turistas do Canadá, Paris, Austrália, São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás, Japão e não para por aí, uma das ilustres visitas que Sr.Zé Didôr recebeu, foi do jornalista Maurício Kubrusly, durante a gravação do programa Me Leva Brasil, exibido no Fantástico.

Fachada da estação onde fica localizado o museu.

Maurício se encantou com a disposição, conhecimento e simplicidade de Sr. Didôr, após a matéria lá gravada, o jornalista mandou fotos para o colecionador, o chamou para convenções, divulgou seu nome em alguns lugares, como revista Gol, notas em jornal, blog pessoal, fora o livro feito para a série Me Leva Brasil.

Maurício Kubrusly entrevista Zé Didôr.


Revistas que Sr.Didôr guarda onde têm matérias sobre ele.


Matéria de denúncia sobre a situação do museu.

Como o Sr.Didôr gosta de guardar e colecionar tudo, até os bilhetes de vôo e assinaturas em cartões de visita do Maurício ele tem lá.

Bilhete que Maurício Kubrusly deixou.

No seu museu, pode-se encontrar de tudo um pouco, pinicos, utensílios domésticos, roupas, carrinhos, armas, instrumentos musicais, bichos empalhados, cascos de tartaruga e até um carneiro com quatro chifres.

Loças antigas guardadas por Sr.Zé Didôr.


Carneiro com quatro chifres

No Brasil só existem 2 moedas de ouro e uma delas pertence ao Sr.Didôr, ele a ganhou de um colecionador e hoje a moeda é guardada em banco, onde ele mesmo, só pode ter acesso colocando digitais em uma máquina. Quando Maurício Kubrusly fez a matéria com Sr.Didôr e falou sobre a moeda de ouro, vários e-mails chegaram à redação da Globo e ao Sr.Didôr oferecendo altas quantias em dinheiro para que a mesma fosse vendida. Ele, mesmo com as dificuldades, preferiu não vender. “Se eu pegar uma coisa daqui e vender, eu posso mudar de vida, eu sei disso, mas tem algumas pessoas que acreditam no meu trabalho e têm orgulho de mim por isso, não posso ser desonesto com elas dessa forma” disse ele.

Sr.Didôr mostra documentação e fotos de sua moeda. museu do Sr.Didôr tem mais de 70.000 peças, todas registradas, registros esses, que ele faz questão de mostrar, principalmente de peças mais antigas como espingardas usadas em alguma guerrilha, ou placas que ele guarda.


Ele mostra com orgulho toda a sua documentação. Sr.Didôr tem em seu museu bustos que ficavam em praças de personalidades como Valter Alencar, esses bustos foram jogados fora pelos familiares e hoje estão no museu. Ele recebe doações de gente de todo o mudo, que conhece seu trabalho e manda alguns artigos para aumentar o acervo.

Bustos e placas abandonados.

CURIOSIDADES

Para receber o público, só vestido como manda o figurino! Sr.Didôr sempre se arruma antes de começar a mostrar suas peças, veste um paletó azul marinho, com medalhas de ouro, coloca a espada de lado, um cinto de vaqueiro e tome conversa! Sempre com um jeitinho inquieto muito animado, o Tremendão como é conhecido não deixa ninguém sair de lá sem antes lhe arrancar muitos sorrisos.


Sr.Zé Didôr, o Tremendão, como é conhecido. Na lateral do seu museu, encontramos 2 carrinhos, parecidos de bebês, um azul claro e outro cor de rosa, com uns vestidos de bolinha em cima, antes que nossa equipe perguntasse sobre os carrinhos, ele fez questão de nos levar dentro e mostrar uma foto, lá estavam Zezé e Zuzú, duas mulheres de mais de 50 anos que tinham apenas meio metro (0,5m), elas moravam em Campo Maior e faleceram por problemas de saúde, uma após a outra, seus carrinhos, bolsa e roupa foram doadas por seu pai, já que as duas pequenas fizeram parte da história da cidade.


Carrinhos de Zezé e Zuzu, doados pelo pai delas.

Zezé e Zuzu, 50 anos e apenas 0,5m.

DEFICIÊNCIAS

Sr.Didô não recebe nenhum tipo de ajuda de nenhum órgão para manter o museu, somente 2 juízes é quem sempre ‘lhe ajeitam’ como ele costuma dizer. Esse senhor vive só das visitas no museu, sua mulher concluiu o curso de técnico em enfermagem mas ainda não trabalha e o filho está em uma escola pública da região. “Eu só não passei fome porque o Dr. me ajuda, se não fosse, eu tava frito, olhe a situação disso aqui, tudo caindo, não tenho como reformar essa estação” falou ele.

Além da falta de estrutura, um dos maiores problemas que Sr.Didôr encontra é a falta de segurança no local, “como tenho muitas peças de valor, coisas em ouro, muita coisa mesmo, eu não posso deixar aqui, eu levo e trago de volta todos os dias, é complicado e cansativo, até porque aqui não tem espaço pra guardar tudo, todo dia arrumo e desarrumo”, concluiu.

Com o vento e falta de segurança, as peças saem do lugar e estragam. Sr.Didô tem um dificuldades para catalogar as suas peças, são muitas, mais de 70 mil, ele tem medo de perder a memória e não conseguir mais contar suas histórias, “eu sou um senhor já, a qualquer hora isso pode acontecer, com qualquer um de nós, eu preciso de um computador, um notebook, qualquer coisa que facilite esse trabalho, isso é história, é um patrimônio nosso, queria uma ajuda pra mantê-lo” pede ele.

VEJA MAIS FOTOS DO MUSEU

Fotos de personalidades nas paredes.

Bichos empalhados em cima de um som antigo.

Sr.Zé Didôr mostra roupas usadas por pessoas importantes, como o Papa.

Coleção de espadas, dentre elas, a usada por Lampião.

Coleção de telefones antigos.

Coleção de relógios cuco.

Situação da torre da estação que sedia o museu.

fonte:http://www.180graus.com/cultura/o-maior-museu-particular-do-brasil-fica-em-campo-maior-357294.html

Ismailon Moraes

Nenhum comentário:

Postar um comentário