O que está acontecendo no processo sucessório da mais antiga entidade do turismo brasileiro, a ABIH (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis , fundada 1936, merece uma atenção e especialmente uma reflexão por parte dos seus associados.
Primeiro, é importante relembrar que o embate entre irmãos que se vive hoje é fruto do processo de sucessão ocorrido há três anos. O então presidente Eraldo Alves da Cruz construiu um cenário no qual ele próprio passaria a ser o principal executivo da entidade e, como assalariado, passaria a gerir a ABIH no mesmo modelo das entidades de classe norte-americanas, que utilizam a figura do CEO. O novo presidente eleito teria um cenário perfeito: o seu antecessor ocuparia o cargo de executivo, cuidando e turbinando o dia a dia da entidade. O novo ficaria com o comando macro da instituição e a agenda política.
Gerida profissionalmente, a ABIH poderia buscar recursos, especialmente em convênios com a área federal, como já havia realizado antes quando recebeu R$ 4 milhões para um projeto de treinamento realizado em parceria com um grupo editorial ligado ao turismo. Haveria também uma revista, que colocada em concorrência pública, acabou sendo abortada. Uma publicação que geraria recursos para o caixa da entidade.
Neste cenário perfeito e em pleno Conotel, outra rubrica de possível receita para a ABIH, teve início a escolha do sucessor que seria o chefe de Cruz. Entre os nomes que surgiram, estavam Alexandre Sampaio, Nelson Baeta Neves e Eliseu Barros.
Todos os três tiveram interlocução com o presidente que deixava o cargo e foram estimulados por ele a pleitear o posto. Dentro deste cenário e animado pela promessa de contar com um executivo com a mobilidade de Eraldo Alves da Cruz, surgiu um nome que estava acima do bem e do mal: Álvaro Bezerra de Mello, que já havia presidido a ABIH-RJ, mas que nunca tinha sido presidente da nacional. Apesar de ter hipotecado publicamente o apoio a Baeta Neves, Álvaro aceita a candidatura e é eleito com o apoio de todos. É firmado um consenso e Barros aceita a vice-presidência, com a promessa de assumir no próximo mandato. Sampaio segue na sua carreira sindical, aceita ficar como tesoureiro da ABIH e anos depois é eleito presidente da Federação de Hotéis e Alimentação. Baeta Neves fica profundamente aborrecido com o episódio, mas apoia Bezerra de Mello.
Os problemas começam com o que ocorreu depois. Cruz muda de plano e vai trabalhar como assessor da CNC (Confederação Nacional do Comércio), com um salário muito superior ao que receberia na ABIH. Empossado, Bezerra de Mello fica com um abacaxi na mão. A ABIH que lhe foi oferecida era bem diferente da que recebeu. Como um gentleman, ele não passa recibo e convida Ricardo Kawa para o cargo de executivo e a partir daí todos sabem da história, inclusive com a chegada do ex-presidente da Brasiliatur, Cesar Gonçalves, para o cargo.
O cenário sucessório anterior, que foi construído em poucos dias, não foi um processo amplamente discutido na entidade. O modelo que transformaria o ex-presidente em executivo naufragou. Três anos depois, chegamos agora a um embate perigoso. Houve tentativas de conciliação que avançaram. A entidade agora se divide perigosamente em duas correntes, uma pilotada pelo vice-presidente Eliseu Barros e outra pelo novo diretor Financeiro, Fermi Torquato.
A cisão começa também com embates entre Maurício Bernardino, presidente da ABIH-SP, com Meira Lins, presidente da ABIH-PE. Uma troca de e-mails extrapolou o seio da entidade.
Primeiro, é importante relembrar que o embate entre irmãos que se vive hoje é fruto do processo de sucessão ocorrido há três anos. O então presidente Eraldo Alves da Cruz construiu um cenário no qual ele próprio passaria a ser o principal executivo da entidade e, como assalariado, passaria a gerir a ABIH no mesmo modelo das entidades de classe norte-americanas, que utilizam a figura do CEO. O novo presidente eleito teria um cenário perfeito: o seu antecessor ocuparia o cargo de executivo, cuidando e turbinando o dia a dia da entidade. O novo ficaria com o comando macro da instituição e a agenda política.
Gerida profissionalmente, a ABIH poderia buscar recursos, especialmente em convênios com a área federal, como já havia realizado antes quando recebeu R$ 4 milhões para um projeto de treinamento realizado em parceria com um grupo editorial ligado ao turismo. Haveria também uma revista, que colocada em concorrência pública, acabou sendo abortada. Uma publicação que geraria recursos para o caixa da entidade.
Neste cenário perfeito e em pleno Conotel, outra rubrica de possível receita para a ABIH, teve início a escolha do sucessor que seria o chefe de Cruz. Entre os nomes que surgiram, estavam Alexandre Sampaio, Nelson Baeta Neves e Eliseu Barros.
Todos os três tiveram interlocução com o presidente que deixava o cargo e foram estimulados por ele a pleitear o posto. Dentro deste cenário e animado pela promessa de contar com um executivo com a mobilidade de Eraldo Alves da Cruz, surgiu um nome que estava acima do bem e do mal: Álvaro Bezerra de Mello, que já havia presidido a ABIH-RJ, mas que nunca tinha sido presidente da nacional. Apesar de ter hipotecado publicamente o apoio a Baeta Neves, Álvaro aceita a candidatura e é eleito com o apoio de todos. É firmado um consenso e Barros aceita a vice-presidência, com a promessa de assumir no próximo mandato. Sampaio segue na sua carreira sindical, aceita ficar como tesoureiro da ABIH e anos depois é eleito presidente da Federação de Hotéis e Alimentação. Baeta Neves fica profundamente aborrecido com o episódio, mas apoia Bezerra de Mello.
Os problemas começam com o que ocorreu depois. Cruz muda de plano e vai trabalhar como assessor da CNC (Confederação Nacional do Comércio), com um salário muito superior ao que receberia na ABIH. Empossado, Bezerra de Mello fica com um abacaxi na mão. A ABIH que lhe foi oferecida era bem diferente da que recebeu. Como um gentleman, ele não passa recibo e convida Ricardo Kawa para o cargo de executivo e a partir daí todos sabem da história, inclusive com a chegada do ex-presidente da Brasiliatur, Cesar Gonçalves, para o cargo.
O cenário sucessório anterior, que foi construído em poucos dias, não foi um processo amplamente discutido na entidade. O modelo que transformaria o ex-presidente em executivo naufragou. Três anos depois, chegamos agora a um embate perigoso. Houve tentativas de conciliação que avançaram. A entidade agora se divide perigosamente em duas correntes, uma pilotada pelo vice-presidente Eliseu Barros e outra pelo novo diretor Financeiro, Fermi Torquato.
A cisão começa também com embates entre Maurício Bernardino, presidente da ABIH-SP, com Meira Lins, presidente da ABIH-PE. Uma troca de e-mails extrapolou o seio da entidade.
A campanha de Fermi foi lançada com uma coletiva de imprensa no último dia da Feira da Abav. Levar mais uma disputa para um público externo, quando o colégio eleitoral é de pouco mais de cem pessoas, é fragilizar a hotelaria. São dois nordestinos, um do Ceará e outro do Rio Grande do Norte, em uma briga fratricida. Roupas sujas começam a ser tiradas do baú. Tudo isso em um momento que a hotelaria deveria estar unida, em um período pré-Copa, com 12 cidades-sedes, e as Olimpíadas 2016. É exatamente no momento em que a hotelaria brasileira deveria dar uma demonstração de unidade e força que ocorre um racha. Tudo isso como sequela do processo sucessório anterior.
A hotelaria é o setor mais sólido e que abriga investimos da cadeia produtiva do turismo. O último grande embate foi nefasto para a ABIH, quando Caribé da Rocha disputou com José Eduardo Guinle. Foi neste momento que nasceu a AHT, uma entidade que reuniu os hotéis cinco estrelas.
Eliseu Barros confiou no fio de bigode do acordo anterior. Palavra dada que deveria ser honrada. Ele ocupa a vice-presidência e é o sucessor natural de Bezerra de Mello. O novo diretor financeiro, Fermi Torquato, assumiu definitivamente agora, depois da eleição do Alexandre Sampaio para a Federação. Tem vigor, porém deve refletir sobre o resultado deste embate em um cenário em que a representação da hotelaria está fragmentada, já existindo a Resorts Brasil e o Fohb.
Além de ter uma atuação recente no cenário nacional, a relação histórica de Torquato com os irmãos Folegatti, como gestor da BRA em Natal e tendo eles como seus sócios no seu hotel, faz com que ele passe por processo e necessidade de melhor conhecimento da sua candidatura, lançada de forma intempestiva em uma coletiva de imprensa nacional, causando uma polêmica desnecessária para um assunto que se decide em âmbito interno.
Os Folegatti estão envolvidos em negócios confusos e que resultaram em prejuízo astronômicos para o setor do turismo, principalmente para a hotelaria. Alguns hotéis, que foram assumidos pelo grupo, foram conquistados após um garrote vil aplicado em hoteleiros. Ter como escola os Folegatti é no mínimo motivo de preocupação e cautela. Uma entidade tem que estimular o surgimento de novas lideranças nacionais. O nome de Torquato pode surgir no futuro, depois de conquistar uma experiência nacional e amadurecer com a própria campanha e principalmente depois de explicar as suas relações com os Folegatti.
É hora da hotelaria procurar um consenso. Os ânimos acirrados serão nefastos para um período muito especial para os hotéis. A hora é de união. Não se pode construir um futuro esquecendo-se do passado. A ABIH estará a frente de um milionário programa de capacitação profissional. Deve ser o primeiro passo de outros que irão ocorrer. É exatamente pela manipulação de um caixa milionário que a entidade tem que estar serena e unida. Caso contrário, a disputa poderá transparecer apenas o interesses de neófitos de ter a chave do cofre em mãos em um momento como este.
Cláudio Magnavita é presidente do Jornal de Turismo e da Abrajet-RJ.
A hotelaria é o setor mais sólido e que abriga investimos da cadeia produtiva do turismo. O último grande embate foi nefasto para a ABIH, quando Caribé da Rocha disputou com José Eduardo Guinle. Foi neste momento que nasceu a AHT, uma entidade que reuniu os hotéis cinco estrelas.
Eliseu Barros confiou no fio de bigode do acordo anterior. Palavra dada que deveria ser honrada. Ele ocupa a vice-presidência e é o sucessor natural de Bezerra de Mello. O novo diretor financeiro, Fermi Torquato, assumiu definitivamente agora, depois da eleição do Alexandre Sampaio para a Federação. Tem vigor, porém deve refletir sobre o resultado deste embate em um cenário em que a representação da hotelaria está fragmentada, já existindo a Resorts Brasil e o Fohb.
Além de ter uma atuação recente no cenário nacional, a relação histórica de Torquato com os irmãos Folegatti, como gestor da BRA em Natal e tendo eles como seus sócios no seu hotel, faz com que ele passe por processo e necessidade de melhor conhecimento da sua candidatura, lançada de forma intempestiva em uma coletiva de imprensa nacional, causando uma polêmica desnecessária para um assunto que se decide em âmbito interno.
Os Folegatti estão envolvidos em negócios confusos e que resultaram em prejuízo astronômicos para o setor do turismo, principalmente para a hotelaria. Alguns hotéis, que foram assumidos pelo grupo, foram conquistados após um garrote vil aplicado em hoteleiros. Ter como escola os Folegatti é no mínimo motivo de preocupação e cautela. Uma entidade tem que estimular o surgimento de novas lideranças nacionais. O nome de Torquato pode surgir no futuro, depois de conquistar uma experiência nacional e amadurecer com a própria campanha e principalmente depois de explicar as suas relações com os Folegatti.
É hora da hotelaria procurar um consenso. Os ânimos acirrados serão nefastos para um período muito especial para os hotéis. A hora é de união. Não se pode construir um futuro esquecendo-se do passado. A ABIH estará a frente de um milionário programa de capacitação profissional. Deve ser o primeiro passo de outros que irão ocorrer. É exatamente pela manipulação de um caixa milionário que a entidade tem que estar serena e unida. Caso contrário, a disputa poderá transparecer apenas o interesses de neófitos de ter a chave do cofre em mãos em um momento como este.
Cláudio Magnavita é presidente do Jornal de Turismo e da Abrajet-RJ.
fonte:
Ismailon Moraes
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