A quantidade total de ocorrências pode ser maior, mas queimaduras por águas-vivas já provocaram mais de 50 atendimentos entre os dias 24 e 30 de dezembro no Hospital Nossa Senhora da Conceição, em Luís Correia, litoral do Piauí. Ivelize Araujo de Sousa, técnica de enfermagem de plantão nesta quinta-feira, deu a informação, completando: "aqui chegam crianças e adultos com queimaduras nas mãos, pernas, costas, rosto e até em partes íntimas". Ela faz um alerta aos pais que levam crianças à praia: tenham cuidado redobrado. “As crianças acham bonitinho aquela bolha azulzinha, tocam e sentem de imediato o efeito semelhante a uma picada ou queimadura que logo fica vermelha, incha a pele e provoca muito mal estar”, alerta.
Entre mitos e fatos, as águas-vivas não atacam pessoas. Apenas reagem ao serem tocadas, principalmente na região de seus tentáculos, filamentos gelatinosos quase transparentes onde ficam armazenadas células com poderosas toxinas que provocam efeito semelhante a uma picada seguida de queimadura. A verdade: dói muito e pessoas com alergia ou maior sensibilidade podem entrar em choque, ter enjôos, vomitar e até desmaiar.
O menino Felipe, de 4 anos, filho de dona Valquíria Fortes dos Santos e do porteiro Francisco Adail de Sousa, sofreu na pele os efeitos dolorosos de um contato direto com água-viva. Ele estava na linha da maré, no começo da tarde dessa quinta-feira, na praia de Atalaia, quando o contato aconteceu. “Os fios ficaram grudados na mão dele”. Ele gritava de dor, contou o pai que o levou ao Hospital. Na enfermaria já estava Natalino, 47 anos, contador. O contato com a água-viva foi na mão mas o efeito da queimadura (toxina) refletiu por todo o braço. “Quase não posso nem falar. “Dói muito na mão e no braço todo. Até os ossos estão ardendo e latejando”, disse o contador, que também foi também “tocado” por água-viva em Atalaia. Os dois foram atendidos com a mesma receita padrão: mergulhar a parte atingida em uma solução com vinagre e polvilho (goma). “Duas horas depois passa a dor e a pela volta ao normal”, informava a atendente Ivelize. Pra quem sente dor, duas horas é muito. Para quem está na praia, é pouco.
Natalino e sua mão inchada: "dor se espalha pelo braço todo", disse.
Um contato com água-viva é de morte. Ela nem precisa estar viva. Seus tentáculos, mesmo depois de desidratados sobre a areia, ainda são ativos. Elas chegam à praia arrastadas pelo vento forte dessa época. A parte flutuante, meio azulada, não tem “veneno”. O que provoca dor está nos filamentos e é quase invisível. O susto e a repentina reação dolorosa são impactantes. Mas a calma é a primeira atitude para a reação eficaz. Até quem vai socorrer precisa de cuidado extra para não ser queimado também. “Aqui chegam de 3 a 5 pessoas atacadas de uma vez. Quem vai salvar termina também sendo queimado”, lembram os atendentes do Hospital.
Água-viva encalhada na Orla. Tentáculos ficam ainda ativos mesmo depois de desidratados. Cuidado. Parte flutuante, cheia de gás, não queima.
Uma água-viva tem efeito radical em um simples contato. Os kytisurfistas da Praia de Maramar comprovam. Hugo Kronemberger deu seu testemunho. “Quando saí da água vi a mancha vermelha ardendo no corpo. Foi um batismo de água-viva”, declarou como se fora um escolhido. Para algo mais tradicional, aconselho água-benta. Amém.
Hospital de Luís Correia: enfrentamento de carêncais mas com atendimento atencioso, profissionais dedicados, gestão cidadã.
fonte:http://www.cidadeverde.com/alcide/alcide_txt.php?id=31049
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