As mulheres que trabalham no Parque Nacional Serra da Capivara (525 km de Teresina), estão sendo ameaçadas por bandidos, caçadores e vândalos que já tentaram invadir as guaritas de acesso a reserva ambiental. No último domingo (28), as funcionárias da guarita da BR-020, nas proximidades da zona urbana do município de Coronel José Dias, foram molestadas por um homem que andava de moto e tentou entrar na guarita. "Ele bateu na porta, no vidro e gritou muito. Ao final das ameaças acabou dormindo encostado na janela" disse uma das funcionárias que pediu para não ter seu nome citado com medo de represálias. Poucos dias depois, três homens desconhecidos nas proximidades da mesma guarita ameaçaram as trabalhadoras.
Para evitar maiores problemas, a equipe da Fundação Museu do Homem Americano (FUMDHAM), entidade científica que administra o parque nacional em parceria com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), decidiu enviar um veículo da entidade para resgatar as mulheres. Nesse mesmo dia, o chefe do Parque Nacional Serra da Capivara, Ítalo Robert, determinou que uma equipe de guardas que prestam serviços ao ICMBio e são responsáveis pela fiscalização da reserva, fossem deslocados até o local para investigar o caso.
Segundo Rosa Trakalo, da Fundham, os fiscais do Parque não conseguem atender a necessidade de segurança e a cidade mais próxima, Coronel José Dias, não possui policiamento, sendo que em casos como este é preciso recorrer à São Raimundo Nonato. "Há muito tempo se fala em instalar a Polícia Federal aqui, mas até agora nada foi tratado. O Parque é um bem da União que deveria fazer algo", declara.
Ela calcula que nos fins de semana o fluxo de turistas é de 600 a 700 pessoas.Alguns anos atrás, em novembro de 2001, uma das funcionárias do parque, Ivani de Jesus Souza Ramos, foi assassinada pelo próprio irmão que desejava caçar no interior da reserva ambiental. Na época, o caso teve grande repercussão e o acusado chegou a ser preso e condenado. Logo depois tudo caiu no esquecimento e agora o clima entre as funcionárias do Parque Nacional Serra da Capivara, que é Patrimônio Cultural da Humanidade, é de insegurança.
Empregos criaram uma revolução social
Chamadas de "Guardiãs da Caatinga", por uma série de reportagens publicadas em emissoras de televisão, revistas e jornais do Brasil inteiro, as mulheres contratadas pela FUMDHAM para trabalhar no Parque Nacional Serra da Capivara estão causando uma verdadeira revolução social no sertão do Piauí.
O emprego não apenas representou uma significativa melhoria do padrão de vida da família como as ajudou a retomar a auto-estima e a conquistar um poder de decisão que nunca haviam tido dentro de casa. A arqueóloga Niéde Guidon, que dirige a FUMDHAM, percebeu que a decisão de contratar mulheres provocou uma verdadeira transformação na vida das famílias de suas funcionárias.
"Aqui na região, quando um homem recebe o salário, a primeira coisa que ele faz é ir ao bar. Já as mulheres levam comida para a família, colocam os filhos na escola, compram terreno e material para construir uma casa. É uma diferença gritante", afirma Guidon. Para ela, com essa falta de segurança na região, todo o projeto social pode ser comprometido.
fonte:http://www.cidadeverde.com/funcionarias-da-serra-da-capivara-sofrem-ameaca-de-bandidos-69011
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