sábado, 5 de fevereiro de 2011

Paris, uma cultura e seis hotéis conceito.

Se Paris já não vive o epicentro, sobrevive o charme de sua cultura auto-centrada.

Paris nasceu centro. E pariu o Existencialismo, o Romantismo, a Belle Époque e tantas outros movimentos. Consagrada pelos maiores nomes da literatura e da história, já "valeu uma missa" e já foi "uma festa". Acompanhada de um povo levemente reclamão - misto de uma nostalgia de um dia ter sido um a primeira economia do mundo com o puritanismo de querer fazer viver uma "Velha França" (que se perde entre levas novos habitantes globalizados), a cidade não perde sua beleza e diversão.

Por trás das largas avenidas com fachadas suntuosas e tapetes de veludo, a cidade é repleta de ruelas, padarias, docerias e até pequenos prostíbulos por cujas camas passaram Toulouse Lautrec e morreu D. Pedro II e outros homens que viveram os anos dourados do absinto de Montmartre. Numa cidade que pende paradoxalmente entre o passado e o futuro, nenhuma janela e nenhuma fachada acontecem por acaso: se você compra um apartamento e deseja construir uma sacada, seu projeto precisa ser aprovado por um comitê responsável pela unidade estética da cidade.

Chame de "frescuras" ou não, Paris é um dos destinos preferidos de uma nova geração de consumidores de luxo - filhos de baby-boomers bem posicionados no mercado de trabalho de comunicação, finanças e artes. Esses novos consumidores buscam estar bem instalados, hospedando-se em hotéis que, de tão diferentes, às vezes questionam o próprio termo "hotel". Monumentos do exotismo, são hospedagens que ora têm a forma de bar, spa e até galeria de arte.

Redefinindo hotéis através de endereços exóticos e os hotéis mais descolados de Paris.

O Kube, um desses lugares, é um hotel de proporções geométricas que parece saído de um filme de ficção científica dos anos 60. Com um bar totalmente congelado e esculpido em gelo no subsolo, o lugar é um sucesso tão grande que não existem entradas sem reservas prévias. Entretanto, o acesso é garantido para aqueles que estão hospedados no hotel. Os quartos tem aspecto minimalista e as camas são suspensas, no melhor estilo do design clean escandinavo. No 18eme, fica pertinho da Sacre Coeur e de Pigalle, rua do famoso moinho do Moulin Rouge (que deu forma ao famoso filme que conhecemos). A fachada do hotel é de um clássico prédio parisiense: arquitetura haussmaniana cheia de rococós.

Ainda em Montmartre, Hotel Particulier é um ponto em comum entre Banksy e Maria Antonietta, se é que isso é possível. Decorado com obras de arte, o hotel não peca no exagero e mantém o preciosismo que é típico da cidade. Rococó na armação das camas, floreados nos cantinhos dos travesseiros e um toque de arte contemporânea, tudo faz jus à simetria da cidade onde todas as árvores são plantadas com distâncias iguais entre em si. A síndrome francesa com alinhamento é tão grande que o Arco do Triunfo, o Arco da Defesa, o Obelisco, A Champs Elysées, a Roda Gigate e o Louvre estão posicionados de maneira tão alinhada que juntos formam uma linha reta.


Hotel Kube Paris: Futurismo e Ice Bar



Hotel Mama Shelter e Hotel Particulier: Ultra descolados.


Por falar em artistas, o super badalado designer Philip Stark é o responsável pela decoração do Mama Shelter, que já ganhou prêmios e indicações importantes no conceito de design de hotelaria. Longe do centro da cidade (e das multidões de turistas que aterrisam todos os dias), o hotel permite a vida cotidiana de um bom bairro parisiense, com o pão matinal mal embalado e as primeiras movimentações das igrejas cujos sinos tocam alegremente pra anunciar o início do dia. Os quartos são o suprassumo do que o design contemporâneo pode oferecer: formas arredondadas e muitas cores.

Já no quesito romance, Amour Hotel é um hotel que presta homenagem ao sentimento mais poetizado (e talvez mais primitivo) da humanidade: o amor. Em paris foi feita a fotografia de beijo mais famosa do mundo. Essa foto, que foi tirada pelo célebre Doisneau, representa um clichê que os parisienses não tem nenhuma vergonha de ostentar: viver em uma cidade romântica. Como a Pont des Arts, com seus vários cadeados lacrados por amantes que tocam as chaves na água pra simbolizar a eternidade da relação. No Amour hotel, os quartos brincam com cores e traços diferentes, apesar da grandiosidade da idéia residir na simplicidade de ser um hotel dedicado ao amor. Sua fachada é extremamente simples e os preços são relativamente tranquilos. O hotel foi fruto de um grande buzz na mídia quando foi inaugurado por que seus cômodos podiam ser bookados por hora - algo que para nós, brasileiros, não é exatamente chocante: basta substituir o H por M na palavra Hotel e voilà, tudo faz sentido.

Localizado no Quartier Latin, Le Prince Régent é um hotel que não chama seus quartos de quartos, mas residências. Com direito à todo o staff necessário para massagem e relaxamento, o hotel tem uma piscina no subsolo que remonta às antigas termas romanas de pedra. Apesar da boa localização, é o tipo de lugar que não dá a seus moradores uma razão para sair de casa. Faz parte de uma série de hotéis que têm como princípio o relaxamento e bem-estar extremo de seus hóspedes.

Outro exemplo de hotéis-relaxamento é o Hotel Gabriel, que é um lugar dedicado à desintoxicação e ao sono daqueles que precisam - ou apreciam - um repouso. Com cama e sistema de sono desenhado por um especialista francês, os quartos tem iluminação, sonorização e travesseiros que se adaptam para os ciclos de sono dos seres humanos. No bar, drinks dos mais variados, incluindo água revigorante extraída do interior de um Iceberg.

Levando-se em conta que o termo para cidade em francês é "ville", estar em Paris é descobrir como a língua pode trazer uma conotação diferente para uma mesma palavra. Pelas redondezas da cidade que pariu o século das luzes tudo tem um clima Glocal, que é o ponto em coum entre o global e o local: cardápios do McDonalds apresentando doces inventados por um padeiro francês do século XVIII (o popular Macarron) até lojas e restaurantes que aceitam a presença de cachorros (prática proibida na maioria dos países do mundo).

Se o moinho do Moulin Rouge brilha tanto quanto no filme, resta passar pela cidade pra conferir. Os lugares mais diferentes para se hospedar você já tem.

Piscina do Hotel Prince Regent: Assim fica fácil evitar a fila da Torre Eiffel


fonte:http://adoroviagem.uol.com.br/materias/100-destinos/paris-uma-cultura-e-seis-hoteis-conceito

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