terça-feira, 12 de abril de 2011

Artigo sobre a reforma ou ampliação ou construção de um novo Aeroporto em Teresina (PI)

AEROPORTO DE MOSQUITO

No meu tempo, aeroporto de mosquito era quem a gente chamava carinhosamente de careca, só para ver a galera cair no riso geral, junto com o dito cujo. Hoje, isso se chama bullyng onde um bando de criminosos se junta pra humilhar, ridicularizar, diminuir e até matar um sujeito indefeso, mas falaremos disso no momento oportuno.

Hoje quero falar é do aeroporto de Teresina, o Petrônio Portela, e de sua incapacidade de atender à demanda atual que tem aumentado consideravelmente. Antes só viajava de avião a classe eternamente privilegiada e rica desse país. Hoje, com a popularização desse meio de transporte, até eu viajo de avião. Viajar de ônibus Tribus daqui prá são Paulo “torando” frito com bolo passou a ser opção, e não uma obrigação. Demorou!!! Ampliar ou construir outro aeroporto é uma necessidade, pois nem é preciso dizer que as acomodações estão cada dia menos confortáveis para o passageiro que precisa esperar. Com a chegada de duas aeronaves aquilo vira um Deus nos acuda, pois só há uma esteira. O espaço para lanche é mínimo, são essas e outras cositas que todo mundo já sabe. Eu boto fé que se pudesse, seu Petrônio Portela já teria vindo reclamar e retirar seu nome até as coisas se ajeitarem.

Essa é a realidade interna do aeroporto. Do lado de fora, o problema envolve as pessoas que há várias décadas residem no local, e onde construíram seus sonhos e meios de sobreviver. Essas pessoas foram pegues de calças curtas pelo decreto que torna a área de utilidade pública para fins de expropriação do direito de posse, processo comumente chamado de desapropriação. O documento foi assinado pelo prefeito para a construção do terminal de passageiros. A ação pegou as pessoas daquelas bandas no pulo da rede. Elas foram informadas de que terão que arrumar os cafiotes e cantar em outra freguesia. A decisão da prefeitura foi reforçada pelo comandante da Infraero que veio ao Piauí e não quer nem saber no de quem vai ser empurrado porque a ampliação tem que sair e aí...

Essa decisão merece críticas, e eu faço mesmo que algumas pessoas pensem que quem mora na periferia não pode dizer o que acha. Quero falar a esses sabichões que conhecem as leis e a história de cor e salteado, não pra ensinar mas pra enganar, que Diderot já dizia que podia não concordar com o que uma pessoa dissesse, mas morreria defendendo o seu direito dizer. Isso no século dezoito, avalie agora.Graças a Jha Rastafari e a luta do povo vivemos em um estado democrático de direito, e por fim não existe lei que proíba você dar sua opinião ou tecer uma crítica e até protestar como fez a executiva municipal do Partido dos Trabalhadores que protocolou documento pedindo a revogação do decreto expedido pelo Prefeito de Teresina. A executiva defende a construção de um novo aeroporto sob a alegação de que indenizar as famílias e apenas reformar o aeroporto é um investimento que não vale a pena, pois futuramente ele se tornará inviável novamente.

A OAB também protestou entrando com uma ação no Ministério Público Federal para que sejam tomadas providências contra a Infraero, alegando a inconstitucionalidade do decreto da Prefeitura, pois não há previsão orçamentária e sim uma imprecisão danada com relação ao número de imóveis a serem desapropriados, especula-se que sejam mil quinhentos.

Mais uma vez como sempre vou ficar do lado da população. Pode quem quiser ficar com calundu, se bulir e até fazer munganga. Sabemos que o progresso não pode parar, e que precisamos urgentemente de um aeroporto novo ou de uma ampliação, mas não podemos esquecer, nem deixar de levar em conta a grande quantidade de famílias em torno do aeroporto e do tormento psicológico por conta da insegurança provocada pela instabilidade da situação. Como serão avaliados esses imóveis?Quem tem comércio na área como única fonte de renda, a que peso será tirado dali? E a bufunfa, quem vai pagar e quando?

Houve uma audiência publica na Assembléia Legislativa, a princípio no plenarinho. Como a quantidade de pessoas era muito grande, inflamei a turba de que precisaria ter um espaço maior, e aí sim, os ilustres deputados dos dois gêneros decidiram continuar o a audiência no cine teatro que ficou lotado. Nem o Amauri e o Dirceu conseguiram essa proeza. Apareceu político como cabeça de prego nos reservatórios de podridão do Parque São Jorge. Alguns pareciam ter saído de um sarcófago, antes faziam política de helicóptero, e você só via em cima de um palanque; hoje tem que se misturar com povo com dente na fresca e tudo. Ai você já sabe, onde tem muita gente e político os discursos são repetitivos e sonoros colocando o povo em primeiríssimo lugar,falando o que o povo quer ouvir, e ai tome palma. Salvo o representante da prefeitura, marinheiro de primeira viagem, quis destoar do coro da platéia, pegou uma pressão, quis remendar e ficou pior. Desmentiu até o decreto do Elmano, e foi socorrido pelo deputado que presidia a mesa. Um verdadeiro circo de horrores, salvo pela colocação de dona Maria de Lurdes, que mora na rua Sergipe, área prevista para desapropriação, há 65 anos, e hoje com oitenta e dois anos de idade diz que não sai de lá nem na bala.

Não dá pra mexer com a vida das pessoas em obra de grande monta sem envolver o emocional e fazer um debate com toda a sociedade. Tenho certeza que se o poder público chamar as famílias e a comunidade teresinense, em especial as da região norte quantificando e qualificando o debate no sentido de apontar soluções sem dubiedades de sentidos, vai fazer com que essas famílias se sintam mais seguras e poderão pisar em terra firme.

Quanto à ampliação do aeroporto ela tem que sair, mas não passando por cima de todo mundo, ou de qualquer jeito. Basta o exemplo dos assentamentos judeus em cima de cadáveres e lembranças palestinas. Esperemos que o acordo feito entre o governo do Estado, Prefeitura e a INFRAERO não seja um pacto macabro que transforme essas famílias em dependentes eternos de calmantes por terem perdido o que têm de mais precioso depois da vida: o seu lar, que a Constituição Federal diz ser inviolável.

Zé da Cruz poeta e liderança comunitária

fonte: http://www.acessepiaui.com.br/vc-no-acesse/aeroporto-de-mosquito/11309.html

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