O crescimento econômico do Brasil, que nos últimos anos fez mais de 20 milhões mudarem de classe social, vem revelando a dificuldade que a Polícia Federal encontra para atender um número cada vez maior de brasileiros que finalmente conseguem realizar o sonho de viajar para fora do país pela primeira vez.
A divisão da PF responsável pela emissão de passaportes não vem dando conta do número de pedidos que só cresce: as contratações de novos funcionários para atender o público foram congeladas, o que inchou as filas e a insatisfação de quem – agora com dinheiro no bolso – quer conhecer outras partes do mundo.
A assessoria da PF compara os três primeiros meses deste ano com o mesmo período do ano passado para cravar em 40% o aumento da procura por passaportes no Brasil. Não é à toa. Do total de brasileiros que viajaram de avião nos últimos 12 meses, 58% fazem parte das classes C, D e E, segundo estudo do Instituto Data Popular. Na classe C, 52% pretendem viajar para fora do país em 2011. Entre as classes A e B, esse índice cai para 37%.
A notícia é ótima para as empresas de viagem, mas nem tão boa para quem precisa esperar em filas cada vez maiores por seu primeiro passaporte. Para cortar gastos, a presidente Dilma Rousseff suspendeu a contratação de aprovados em concursos públicos e a realização de novas provas em 2011. Só a PF deixou de receber 1.352 funcionários. Parte deles poderia ser deslocada para cuidar da emissão de passaporte.
O resultado é que falta mão de obra para atender tanta gente. Na página da Polícia Federal na internet, onde se escolhe dia, horário e local para fazer o passaporte, é impossível encontrar uma data menor que 45 dias para tirar o documento. Na capital paulista, que responde por 38% das emissões do Brasil, há quatro postos. No de Moema (zona Sul), a mensagem diz que não há “nenhum horário disponível. Consulte outro posto”. No da Lapa (zona Oeste), só dá para agendar entre os dias 6 e 10 de junho. No Centro, só entre 7 e 22 de junho, enquanto no Tatuapé (zona leste) só há três dias disponíveis - e em julho: 5, 6 e 7.
A PF admite que a demora no agendamento “reflete o grande aumento da procura pela emissão de documentos”, mas se defende lembrando “que alguns consulados também têm espera de mais de cem dias para agendar”.
Outros Estados
Mas a dificuldade para tirar passaporte não é só em São Paulo. No Rio de Janeiro, não há nenhuma data disponível no posto de Botafogo (zona Sul), enquanto na unidade do Leblon (zona Sul) isso só pode ser feito no dia 8 de julho. Em Minas Gerais, a situação é melhor. No posto do bairro Anchieta (zona Sul), há quatro datas em maio (3, 4, 5 e 6). No do centro são cinco dias: de 9 a 13 de maio.
No Distrito Federal, o posto da rodoviária não tem nenhuma data, mas no de Taguatinga (cidade satélite) há dois dias disponíveis: 6 e 8 de julho.
Se o cidadão conseguir escolher uma data, ele ainda terá de ter muita paciência para conseguir agendar. É que o sistema online da PF vive fora do ar, falha admitida por sua assessoria:
“Estão sendo adotadas medidas técnicas pra melhorar o sistema”. As medidas, no entanto, não foram divulgadas.
fonte:r7.com
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