terça-feira, 27 de agosto de 2013

Após piada, brasileira é barrada em voo para Bali

Uma jovem foi impedida de embarcar em um voo internacional neste domingo (25) devido a uma piada feita por seu pai no aeroporto de Cumbica.

Thaís Buratto da Silva, 24, recém-formada em gestão ambiental pela USP, iria pegar o voo 922 da Qatar Airways com destino a Bali, na Indonésia, com escala em Doha, no Qatar.

Ela iria participar do 6º Congresso anual da "Parceria dos Serviços Ecossistêmicos". As passagens, que custaram R$ 6.030, foram pagas pela USP.

Zanone Fraissat/Folhapress
Thaís Buratto da Silva, 24, impedida de embarcar em um voo para a Indonésia devido a uma piada feita por seu pai
Thaís Buratto da Silva, 24, impedida de embarcar em um voo para a Indonésia devido a uma piada feita por seu pai em SP
Thaís iria apresentar seu trabalho de conclusão de curso sobre o custo-benefício da implementação de novas hidrelétricas no rio Tapajós.

Segundo ela, após responder a um questionário anterior ao check-in sobre suas bagagens, seu pai, Renato Camargo da Silva, 55, economista, teria dito em tom jocoso "que bom que não acharam que você era terrorista".

Após a piada, os dois foram retirados da fila e informados por funcionários da companhia de que ela não poderia embarcar devido a motivos de segurança.

Questionados, informaram que a decisão estava relacionada à referência ao terrorismo feita pelo pai.

"Achei desproporcional", afirma o pai. "Eu não entendi a reação, foi completamente despropositada."

Thaís afirma ter tentado explicar que se tratava de um comentário bem-humorado. Diante da negativa dos funcionários, ela disse que se dispôs a ter toda bagagem revistada e até mesmo a viajar apenas com os documentos, sem seus pertences.

Ainda assim, diz ela, a companhia não permitiu seu embarque e reteve seu passaporte para fotografá-lo "sem dar razões [para tanto]".

"Ainda não acredito no que aconteceu", afirma Thaís. "É inexplicável, foi claramente uma piada". Ela diz também que os "funcionários sequer deram direito a meu pai de tentar conversar com eles".

Thaís afirma que irá procurar a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) para registrar o caso e tentará registrar boletim de ocorrência na polícia alegando constrangimento ilegal e calúnia.

OUTRO LADO

A Qatar Airways disse que Thaís Buratto da Silva não embarcou "por razões de segurança", devido às declarações de seu pai. A empresa disse zelar rigidamente pela "segurança dos passageiros durante seus voos". Uma posição completa sobre o caso será emitida nesta semana.

Procurada para falar sobre os limites de uma companhia para limitar o embarque de passageiros, a Agência Nacional de Aviação Civil disse que consultará sua área técnica para se posicionar nesta segunda-feira (26).

ANAC

A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) afirmou em nota que "é permitido aos operadores aéreos, a aplicação de medidas adicionais de segurança".

A agência diz que, nos casos de medidas não previstas nos próprios regulamentos do órgão, as companhias devem apresentar seu programa de segurança para ser avaliado e aprovado.

"Em geral, as empresas estrangeiras aplicam, na etapa do check-in, uma medida adicional de segurança denominada 'Profile' ou 'Entrevista do Passageiro', cujo procedimento consiste na realização de questionamentos específicos definidos pela empresa, em busca de informações que possam indicar uma possível ameaça à segurança da aviação por meio de atos de interferência ilícita, como terrorismo", diz a nota.

A Anac também menciona que "caso a empresa entenda o caso como uma ameaça à aviação civil, o procedimento correto é reportar o fato ao Operador Aeroportuário e demais órgãos públicos, dentre os quais a PF, conforme suas ações de contingência".

O órgão afirmou que apenas se pronunciará sobre o caso pontual, apontando possíveis abusos, após a devida apuração e que teria de "receber relatórios da empresa aérea e da Polícia Federal, ou mesmo a manifestação do passageiro".

A Qatar Airways se posicionou afirmando que "a segurança de nossos passageiros e tripulação é prioridade número um. No domingo, por razões de segurança, uma passageira teve embarque não autorizado. Nossos funcionários seguiram nossa política de segurança na qual a tolerância é zero."

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