Um total de 95% das 327 famílias que moram nas casas que serão demolidas para as obras do aeroporto de Teresina são comprovadamente pobres. Elas se concentram nas avenidas Centenário e Barão de Campo Maior Assim e denunciam preconceito para a escolha das desapropriações. Eles acusam a Infraero e a prefeitura de terem escolhido estes imóveis porque as famílias são humildes, não têm como constituir um advogado e, principalmente, por causa das indenizações que serão menores em detrimento dos demais imóveis do entorno do campo de aviação.
Um dos principais argumentos dos moradores prejudicados é o fato das casas escolhidas para serem desapropriadas ficarem a pelo menos 600 metros da entrada do atual terminal de passageiro de Teresina. "Estas famílias estão na faixa mais estreita do terreno, onde ficaria inviável a construção de uma segunda pista e um novo terminal de passageiros", disse o funcionário público João Batista Lima, o "Caetano", um dos líderes das famílias prejudicadas.
Ele argumenta que nas entrevistas o presidente da Infraero no Piauí, Wilson Estrela, e os representantes da PMT sempre alegam que o principal problema é a falta de um terminal.
"Todo mundo sabe que a área do terreno onde fica o terminal atual é muito ampla e se fossem retirados os imóveis daria para fazer uma nova casa de passageiros", disse Caetano.
Mas a empresa e a PMT preferiram retirar as famílias humildes porque a briga na Justiça seria menos onerosa para os dois órgãos públicos envolvidos. Na avenida Centenário, após a entrada do aeroporto, estão os imóveis de maior valor, como hotéis, academias, restaurantes e até mesmo uma igreja protestante.
Se os escolhidos tivessem sido estes moradores e comerciantes, pelo menos 15 advogados já estariam agindo na Justiça Federal e prefeitura para tentar evitar o despejo.
"Enquanto isto, do outro lado, os moradores pobres contam apenas com o Ministério Público Federal e a Justiça Federal para defenderem os seus direitos", disse Caetano, acrescentando que não há nada contra as famílias que não foram incluídas na lista de despejo. A comparação é apenas para mostrar como a Infraero e a PMT usam de dois pesos e duas medidas para com todas as famílias envolvidas no mesmo problema.
Os moradores ao longo da avenida Centenário, indistintamente, estão sem saber como vão ser gastos mais de R$ 600 milhões na reforma do aeroporto sem retirar as cerca de 10 residências que ficam cobrindo a frente do aeroporto, entre a saída e a entrada, para que o atual terminal de passageiros sejam retiradas.
Esses imóveis não foram sequer colocados na relação para as desapropriações. Essas casas sempre foram as mais visadas para pelo menos mostrar a frente do terminal do aeroporto Petrônio Portella, hoje escondida, mas, pelo projeto de ampliação, as casas vão continuar onde sempre estiveram.
Para reforçar os argumentos dos moradores prejudicados, Caetano afirma que além da pobreza, uma questão pessoal envolve o superintendente da Infraero e as famílias escolhidas foi determinante para que estas pessoas fossem colocadas na lista de futuros sem teto: há anos que a Infraero briga com vários moradores por causa dos esgotos de algumas casas que são jogados para a área federal, causando sujeira e minando o muro do aeroporto que separa as residências na área do campo de aviação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário