quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Micos de viagem: as roubadas típicas de alguns dos países mais legais do mundo

Uma série de 8 viagens, extraído do livro de Marcel Vincenti 'Diário de Viagem", onde o autor deu a volta ao mundo e passou por cada situação.

Uma odisséia pelas estradas da Bolívia

A Bolívia é um dos países mais lindos da América do Sul: abriga parte da cordilheira dos Andes, o lago navegável mais alto do mundo - o Titicaca, a 3,9 mil metros de altitude -, ruínas pré-incaicas, o salar do Uyuni e sedutoras cidades históricas, como Potosí e Sucre. O problema é se locomover entre tantos atrativos: a terra de Evo Morales tem um dos piores sistemas rodoviários do planeta.

Muitos viajantes brasileiros gostam de entrar na Bolívia por terra e explorar o país de trem e ônibus. É uma experiência altamente cultural, econômica e... sofrida. Em dezembro de 2004, resolvi encarar o desafio. Fui até Corumbá (MS) e, de lá, cruzei a fronteira para a cidade boliviana de Puerto Quijarro. O objetivo era subir no lendário "Trem da Morte", que vai até Santa Cruz de la Sierra.

Puerto Quijarro é uma cidade horrível: um conjunto de ruas de terra, cobertas por um ar turvo e cercada de casas decrépitas. O calor pantaneiro estava insuportável e não havia mais passagens. Segui a sugestão de um taxista: tomar um ônibus. "Pelo menos não vou morrer no trem da morte", pensei.

Havia chovido na noite anterior e o motorista do coletivo, mascando um punhado de folhas de coca, um tanto grogue, me informou que a viagem poderia "demorar um pouco". E demorou: 27 horas (a distância entre Puerto Quijarro e Santa Cruz é de apenas 650 km). A estrada era uma trilha lamacenta e o ônibus quebrou umas quantas vezes. O motorista descia com suas ferramentas, arrumava o veículo e voltava cada vez mais sujo para o volante. E os passageiros não estavam preocupados: muitos viajavam em pé, mascavam coca e tomavam chicha (bebida feita com milho mastigado muito consumida pelos indígenas na Bolívia), enquanto conversavam ou desentendiam-se entre si.

A regra se aplica para todo o país: viajar de transporte público na Bolívia será sempre uma odisséia. Os microônibus que saem de La Paz rumo ao Lago Titicaca, por exemplo, estão geralmente superlotados e seus ocupantes nem sempre cheiram muito bem. E em rotas entre grandes cidades é a topografia acidentada do país que impõe o desconforto: são intermináveis sobes e desces e curvas que beiram precipícios. Mas há a recompensa: o passageiro terá, na janela, uma paisagem belíssima com a qual se distrair...

fonte: http://viagem.uol.com.br/ultnot/2009/09/08/ult4466u694.jhtm

Ismailon Moraes

Nenhum comentário:

Postar um comentário