Dezenas de milhares de peregrinos de todo o mundo são esperados em Jerusalém para celebrar a Semana Santa, que aparentemente não será muito afetada pela crise econômica e política, e que começará oficialmente na aldeia de Betfagé com a colorida procissão do Domingo de Ramos.
"Nós esperamos para as próximas duas semanas cerca de 40 mil peregrinos católicos, mas também de outras religiões, sobretudo do Oriente", disse à Agência Efe o vigário da Custódia da Terra Santa, o franciscano Artemio Vítores.
Segundo o sacerdote espanhol, o número de reservas para as missas nos diversos santuários indica que eles estarão cheios. Por isso, é previsível uma grande aglomeração de pessoas pelas estreitas ruas da velha cidadela de Jerusalém.A multidão que lotará a parte amuralhada da cidade se deve ao fato de a Semana Santa, realizada no domingo depois da lua cheia pascoal, coincidir este ano para todos os ritos cristãos.
Vítores observa que a única coisa que poderia prejudicar a chegada de peregrinos é a situação de crise econômica. Segundo ele, uma viagem ao preço de 1,5 mil euros "para uma família é um grande investimento".No último ano e meio, a peregrinação a Jerusalém sofreu os embates pela crise, mas em alguns meios israelenses se teme também uma possível redução pela tensão política na região.
Ao contrário da tranquilidade da última meia década, nas últimas semanas Jerusalém foi palco de violentos confrontos entre policiais israelenses e manifestantes palestinos.Os distúrbios começaram em fevereiro por causa de uma decisão do Governo israelense de incluir dois lugares sagrados na Cisjordânia (ocupada desde 1967) em uma lista de monumentos nacionais judeus, e são estimulados pela frustração gerada pela construção de assentamentos judaicos na parte Leste de Jerusalém (de maioria árabe).
A isso se soma a falta de negociações de paz."As pessoas falam dessas situações, mas parece que, por enquanto, esses ecos de violência não vão influir em nada", afirma Vítores.Entre 2001 e 2003, os mais sangrentos da Segunda Intifada, a presença de peregrinos foi tão pequena que quase somente membros da comunidade local e das ordens religiosas participavam dos atos.
Para o sacerdote, parece que "este ano vai haver bastante gente" e talvez mais na semana seguinte ao Domingo da Ressurreição, porque "muitos peregrinos evitam as multidões e, neste ano, não se poderá nem entrar no Santo Sepulcro".A Basílica, levantada sobre o lugar onde se acredita que descansou o corpo de Jesus durante três dias, é o epicentro das comemorações de Páscoa, que começam no Domingo de Ramos com uma grande procissão da Igreja de Betfagé.
Trata-se de uma aldeia palestina na encosta nordeste do Monte das Oliveiras, que na época de Jesus ficava fora da cidade.Ali, segundo os Evangelhos, Cristo enviou dois de seus discípulos para que trouxessem um burro e a igreja fica sobre a pedra na qual se apoiou para montar no animal.A procissão concluirá passada a Portão de São Estevão, a centenas de metros da qual usou Jesus porque foi selada em tempos dos otomanos.
Ao longo da semana, os atos aumentarão de intensidade e fervor, com a cerimônia do lava-pés no Cenáculo - uma mostra de irmandade e humildade por parte do chefe da igreja na Terra Santa - como cerimônia mais curiosa da Quinta-Feira Santa.Pela noite, será realizada a tradicional missa no Jardim do Getsêmani, lugar onde Jesus foi detido pelos soldados romanos e levado à prisão para ser julgado na manhã seguinte.
A Via-Sacra da Sexta-Feira Santa arrastará uma multidão pelas 14 estações da Via Dolorosa, trajeto que Jesus percorreu de sua condenação até a crucificação.É uma procissão na qual se destacam a ausência de imaginária e as rezas multiculturais, e na qual a multidão disputa levar oliveiras nos ombros, de estação em estação, até chegar às últimas cinco dentro do Santo Sepulcro.
Também não são estranhos os passos de alguns penitentes que fazem o percurso vestido de branco e flagelando-se, uma encenação que entre as estreitas vielas da velha Jerusalém parece readquirir o realismo dos episódios que levaram ao surgimento do cristianismo.
fonte:http://viagem.uol.com.br/ultnot/efe/2010/03/26/ult3903u974.jhtm
Ismailon Moraes
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