Em 2010 as operadoras turísticas brasileiras tiveram um crescimento médio de 25%, conforme dados da Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa). No entanto, a previsão para 2011 é de um incremento de cerca de 10% na movimentação do setor. O presidente da entidade, José Eduardo Barbosa, lembrou que os números do ano passado refletem uma recuperação do segmento, que teve uma queda em 2009 devido à crise econômica. Em entrevista ao MERCADO & EVENTOS, Barbosa revelou que essa expectativa inicial pode ser superada, uma vez que os números de janeiro foram 23% superiores aos do ano passado.
No último ano de seu segundo mandato à frente da entidade, Barbosa acredita que o setor avançou muito recentemente. Ele lembrou que as associadas Braztoa representam mais de 80% do movimento de pacotes e quase 18% das emissões de bilhetes no país. O presidente disse ainda que estão sendo estudadas mudanças no modelo de gestão da entidade, com a contratação de um executivo para administrar a associação. No entanto, ele acredita que isso ocorra apenas para o próximo mandato. Barbosa revelou que a Braztoa considera essa possibilidade, pois daria mais dinâmica para o processo e facilitaria o trabalho dos empresários que estão à frente da entidade. "Já existem conversas neste sentido, durante o próximo mandato é possível que isso aconteça", confirmou. Veja entrevista:
MERCADO & EVENTOS - Em 2010 as operadoras tiveram um crescimento médio de 25%. Quais são as perspectivas do setor para 2011?
José Eduardo Barbosa - Nós temos dois fatores importantes que estão impulsionando o trabalho dos operadores e agentes de viagens no Brasil. A estabilidade econômica e o crescimento de renda dos brasileiros. Isso está sendo fundamental para que o setor siga crescendo e se desenvolvendo. No ano passado, o nosso setor de operação teve um crescimento médio de 25%. No final do ano, fizemos uma avaliação com os nossos associados e a expectativa é de um crescimento de 10% para 2011. Os números de janeiro já foram superiores a isso. Surpreendentemente tivemos uma movimentação 23% superior ao mesmo período do ano passado. Isso superou a nossa expectativa traçada inicialmente. Como o ano é composto de 12 meses, temos que aguardar para ver se outros meses não irão afetar este bom resultado inicial.
M&E - Por que a perspectiva de crescimento é menor do que o resultado obtido no ano passado?
José Eduardo Barbosa - Isso ocorre porque o crescimento do ano passado se deu com base em um ano em que o setor caiu com toda aquela crise. Então, na verdade, este crescimento é a recuperação de parte do que nós tivemos de redução em 2009 com um pouco de crescimento. Foi um ano muito bom neste sentido, mas não podemos esquecer a queda que tivemos no ano anterior.
M&E - O senhor citou o crescimento e a estabilidade econômica do país para sustentar o avanço do setor. Este crescimento está trazendo novos consumidores para este mercado. Isso exige das operadoras, que é quem formata os produtos, uma criatividade maior para atender às necessidades deste público?
José Eduardo Barbosa - Com certeza nós precisamos preparar mais produtos e cada vez mais adequá-los para o público da classe média. Mas, ao mesmo tempo, o brasileiro a que tradicionalmente atendemos, das classes A e B, é um consumidor que também está viajando mais e está mais exigente. Temos ainda que nos adaptar à demanda deste consumidor que teve a sua renda elevada. O nível de competição no setor também vem se ampliando com novas empresas no mercado. Por outro lado, temos um grande limitador, que é a falta de mão de obra.
M&E - A Braztoa tem projetos focados na qualificação de mão de obra para o setor?
José Eduardo Barbosa - No final do ano passado nós fechamos uma parceria com o Ministério do Turismo que está dentro do escopo do Bem Receber Copa. Nós vamos trabalhar com capacitação de mão de obra para as agências e operadoras, para guias de turismo e receptivos. Montamos um projeto visando qualificar e ampliar a mão de obra no nosso setor já projetando o crescimento dos próximos anos. Nossa expectativa é capacitar perto de cinco mil profissionais em dois anos.
M&E - Como estão os programas Vai Brasil e Viaja Mais Melhor Idade e quais serão as novidades deles para este ano?
José Eduardo Barbosa - Em função das mudanças no Ministério do Turismo, ainda não tivemos a oportunidade de conversar sobre os projetos que já vinham em andamento. Mas a nossa expectativa é de que eles continuem. Temos definido também um convênio com a Embratur para fazer as caravanas internacionais.
M&E - Recentemente o novo secretário de Turismo de São Paulo afirmou que pretende fazer uma parceria com as operadoras para formatar um programa nos moldes do Viaja Mais Melhor Idade, porém voltado para os servidores estaduais, que são hoje cerca de 1 milhão. A Braztoa já chegou a ser procurada? Como você vê essa possibilidade?
José Eduardo Barbosa - Ainda não fomos procurados. Mas esta é uma excelente iniciativa do secretário, pois isso movimenta a indústria e São Paulo é um dos motores do consumo de viagens no país. Uma parceria deste tipo com a Secretaria de Turismo do Estado seria muito boa para nós. Os operadores estão buscando sempre as melhores oportunidades e ficam muito contentes quando o poder público tem este tipo de iniciativa. Certamente estamos abertos para conversar sobre isso.
M&E - Teremos o primeiro Encontro Comercial Braztoa de 2011 em breve. Como estão os preparativos?
José Eduardo Barbosa - Estamos bastante otimistas em função do crescimento do mercado e das operadoras e também com o tema que escolhemos para debater nesta edição, que são as parcerias no turismo. Nós, do mercado de operadoras, percebemos a importância de trabalhar em conjunto. Vamos mostrar as várias possibilidades e os resultados das parcerias. O trabalho do operador, no final das contas, aglutina o trabalho de quase toda a cadeia porque acaba passando por ele a estruturação do produto final. É muito importante estar de mãos dadas com o agente de viagens, que faz a distribuição, como com os fornecedores, os conventions bureaux, as secretarias de Turismo e os ministérios. Temos que fazer com que essas relações estejam cada vez melhores para que todos tirem bom proveito dos esforços. Trabalhamos firme no nome dos palestrantes e vamos levar gente de peso para agregar conteúdo para o trade.
M&E - Este é o seu último ano na presidência da Braztoa. Já é possível fazer um balanço dessas duas gestões?
José Eduardo Barbosa - Ainda temos muitas atividades acontecendo, mas a princípio eu posso dizer que foram anos muito produtivos para todo o trade turístico, tanto para agências como para operadores. Acho que a Braztoa e a atual diretoria contribuíram bastante em fomentar o desenvolvimento do nosso setor. Estamos prestes a realizar o nosso próximo evento e o número de operadoras interessadas em participar da entidade aumentou muito. Hoje, a Braztoa tem 83 associados, que representam mais de 80% do movimento de pacotes e quase 18% das emissões de bilhetes. Nosso trabalho tem sido incansável em criar os meios necessários para essas operadoras se desenvolverem e ocuparem o seu espaço dentro da cadeia.
M&E - A Braztoa também estuda uma mudança no seu modelo de gestão, com a contratação de um executivo, tornando a entidade mais profissional?
José Eduardo Barbosa - A Braztoa considera muito essa possibilidade porque acredita que dá mais dinâmica para o processo, facilita o trabalho dos empresários que estão à frente da entidade, ou seja, desonera o nosso trabalho, e pode dar uma maior fluidez para o desenvolvimento das nossas atividades. Não há como antecipar se isso acontecerá já no próximo mandato. A curto prazo talvez isso não ocorra, mas durante o próximo mandato é possível que sim. Já existem conversas neste sentido.
fonte:http://www.mercadoeeventos.com.br/script/FdgDestaqueTemplate.asp?pStrResolucao=1024&pStrLink=2,254,0,70036&IndSeguro=0
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