domingo, 4 de março de 2012

Serra das Confusões tem a maior reserva de caatinga no mundo


Criado em 1998, o Parque Nacional Serra das Confusões, a 640 quilômetros de Teresina, está aberto ao público pela primeira vez depois que foram construídas passagens molhadas e feita pavimentação e estão sendo construídos pontos de apoio de visitantes.


É a oportunidade que as pessoas têm para conhecer o Parque Nacional Serra das Confusões e sua beleza. Para conhecer o parque é preciso de muitos dias porque o Serra das Confusões tem uma área de 826 hectares, com formações rochosas de 600 metros de altura, que foram esculpidas há milhares de anos pelas águas do mar e pela ação do vento.


O chefe do Parque Nacional Serra das Confusões, engenheiro agrônomo José Wilmington Paes Landim, afirma que o parque é único que abriga um único ecossistema, a caatinga.


“A caatinga chama hoje a atenção do mundo porque por muito tempo os cientistas achavam que tinha pouca diversidade, mas agora sabem que existe uma grande diversidade de animais e flora”, declarou José Wilmington Paes Landim.


Paes Landim afirma que os animais e plantas da caatinga e do Parque Nacional Serra das Confusões para sobreviver superam as duras condições ambientais, como a falta de chuvas.


“Só os fortes sobrevivem aqui porque faz cerca de um ano que não tem chuvas fortes”, acrescentou José Wilmington Paes Landim.


Segundo ele, para sobreviver os animais comem batatas que garantem alimentação e também água acumulada nos tubérculos para matar a sede.


Pequenos animais como mocós se alimentam de batatas das árvores e alimentam outros animais de grande porte como as onças e gatos selvagens.


As grandes formações acumulam água em seu interior e vão despejando em pequenos filetes durante todo o ano, o que serve para garantir a sobrevivência de grandes árvores como a angelim, de metros de altura.

Funcionário do Parque Nacional Serra das Confusões, Filemon da Silva afirma que Pinga dos Macacos, no Riacho dos Bois, os macacos vivem por lá por causa das águas, que saem das fendas das formações rochosas, e dos frutos doces e gostosos da angelim.


“O ecosistema da caatinga é baseado na acumulação de água para que todos tenham ágiua e alimento durante o período seco”, afirma Filemon da Silva.


O Parque Nacional Serra das Confusões enocntra-se em estado primitivo de conservação.


Filemon da Silva afirma que pela manhã e no final da tarde, os veados passam tranqüilos nas trilhas do Parque Nacional Serra das Confusões. Os pássaros como sabiás, gaviões e cancões ficam se alimentando das pequenas frutas, cobras de todas as espécies saem de suas todas e ficam nas trilhas e nas árvores.

“Eu estava trabalhando e passando em um das trilhas quando percebi uma onça bebendo em uma pequena lagoa. Ela olhou para a gente e continuou bebendo sem se incomodar com a nossa presença”, falou Filemon da Silva.


Perseguido pelos caçadores de sua região por causa de sua carne, o tamanduá bandeira é o símbolo do Parque Nacional Serra da Capivara , onde tem um refúgio para sair da lista das espécies ameaçadas de extinção.


O guia Adão dos Reis Silva afirma que o nome Das Confusões para a serra vem do fato das serras brancas e vermelhas ficarem diferentes de acordo com a luminosidade do dia, deixando a pessoa com a vista confusa.


Ele mostra que algumas rochas mais pesadas são sustentadas por rochas mais leves, um capricho da natureza.


“A rocha mais frágil não vai sustentar por muito a rocha mais pesada porque é de arenito e vai se desgastar pela ação das águas das chuvas e do vento. Eu acredito que não vou viver tanto tempo assim para ver quando isso vai acontecer”, fala Adão dos Reis Silva.


O cenário da Serra das Confusões é intrigante, além das formações rochosas que aparentam ser iguais, é formado por árvores, arbustos de galhos retorcidos, flores, cactos que são espalhados pela paisagem de terra seca, o xique xique e o mandacaru, símbolos da caatinga e fáceis de serem encontrados.

É neste cenário, fala Paes Landim, que vivem inúmeras espécies de aves e animais, muitos deles ameaçados de extinção, como o tamanduá bandeira, as onças parda e pintada e o tatu canastra.


Os quatro diferentes tipos de vegetação encontrados dentro dos limites do parque são a campinarana gramíneo-lenhosa, campinarana florestado, floresta ombrófila aberta sub-Montana, floresta ombrófila densa sub-montana. Além dessas, existem zonas de mosaicos complexos entre campinaranas e floresta ombrófila.

A Serra das Confusões também exibe em seus paredões rochosos ondulados, grutas e cavernas, assim como inscrições rupestres, como as encontradas na Toca do Capim e na Toca do Enoque.

Na Toca do Enoque, as pinturas rupestres são distintas das encontradas do Parque Nacional da Serra da Capivara, que fica na mesma região.


As pinturas são de figuras humanas, mas de maior tamanho do que as encontradas no Parque Nacional Serra da Capivara, de emas, tatus, tartarugas, de lagartos, de círculo que tem a semelhança de uma mandala, e de outras figuras geométricas.


O Parque Nacional da Serra das Confusões foi criado para proteger o maior maciço montanhoso da caatinga nordestina, um lugar não só de imensa beleza cênica, mas também riquíssimo em variedade de fauna, flora e vestígios históricos. Tamanha é a importância da reserva que mais 300 mil hectares foram recentemente incorporados à sua área, ampliando a proteção deste mundo de chapadões, morros e vales.

Tornou-se o maior Parque Nacional em toda a região Nordeste, diz José Wilmington Paes Landim.

O Parque Nacional Serra das Confusões abrange 11 municípios como Caracol, Jurema, Canto do Buriti, Cristino Castro, Alvorada do Gurgueia, Tamboril, Bom Jesus, Santa Luz, Redenção do Gurgueia, Curimatá e Guaribas.


Os cientistas têm encontrado espécies animais novas no Parque Nacional Serra das Confusões como um animal parecido com a cotia, mas de pelo acinzentado, que nem chegou a ser batizado ainda.
Também foi descoberto um novo morcego, o morcego-fantasma-grande (Vampyrum spectrum), o maior das Américas, com um metro de envergadura nas asas.


Ex-caçador é guia do Parque Nacional Serra das Confusões



O guia Adão dos Reis da Silva, de 49 anos, conta com orgulho, que nasceu no Parque Nacional Serra das Confusões, onde sempre viveu. 


Sem nenhuma escolaridade, Adão dos Reis da Silva diz que quando sua mãe o teve no Baixão Grande e o pai ao ouvir as onças rosnarem e o resguardou em uma toca. 


Adão dos Reis conta que antes de trabalhar como guia era caçador de animais silvestres protegidos na Serra das Confusões, um parque nacional. 


Ele chegou a ser detido com animais abatidos, foi multado e, por causa de sua pobreza, o Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) dispensou a multa, mas o atraiu para a defesa da natureza. 


“Sem a natureza não temos vida. Agora trabalho como guia para conservar o Parque Nacional Serra das Confusões. Hoje, eu sou um voluntário da natureza.O meu compromisso é trabalhar como voluntário até eu conseguir retribuir aquilo que eu destruí”, diz Adão dos Reis Silva.
 
FOTOS: MOISES SABA



FOTOS EM 3D - Efrém Ribeiro 

fonte: www.meionorte.com

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