No Centro da capital gaúcha, o Ibis Budget está sendo erguido voltado para um
público que busca opção mais econômica
Foto: Carlos Macedo / Especial
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Em plena expansão para atender aos turistas durante a Copa do Mundo de 2014, o setor hoteleiro de Porto Alegre poderá ter metade dos quartos ociosos depois do evento. O risco de superoferta preocupa empresários e ameaça a rentabilidade de quem comprou quartos como investimento.
Até meados do próximo ano, a Capital deverá ampliar em 31% sua capacidade hoteleira, de 16 mil para cerca de 21 mil leitos. Até o final de 2014, serão pelo menos oito novos empreendimentos, e há mais seis projetos prontos para sair do papel.
– Há um boom de incorporadoras lançando hotéis em parceria com bandeiras conhecidas, apostando no movimento durante e após a Copa. Mas essa oferta não deverá ser acompanhada em igual proporção pela demanda – projeta Reinaldo Ritter, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis no Estado (ABIH-RS).
As novas construções colocam a capital gaúcha em situação crítica de competição para modalidade econômica e arriscada para a categoria de preços medianos, conforme o mais recente Placar da Hotelaria, organizado pelo Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil e pela consultoria HotelInvest. Em um mês, o Sindicato dos Hotéis de Porto Alegre (SHPOA) irá divulgar estudo que projeta ocupação média inferior a 50% em 2015, considerando o atual ritmo de lançamentos em relação ao crescimento esperado no número de turistas.
– Esse é um patamar insustentável para o setor – explica Daniel Antoniolli, presidente do SHPOA.
Responsável por um dos principais investimentos hoteleiros em andamento na Capital, a rede Accor avalia que há nichos que podem ser explorados. Fruto de R$ 30 milhões, o Ibis Budget que está sendo erguido no Centro, por exemplo, tentará fisgar clientes dispostos a abrir mão de requinte para pagar menos por um hotel com serviços essenciais.
A sensação corrente, entretanto, é de que Porto Alegre terá dificuldade para atrair mais turistas após o evento. Para empresários da hotelaria, apenas um movimento capaz de agitar o turismo de negócios, como a construção de um centro de eventos de classe internacional, seria capaz de atrair visitantes e gerar a demanda esperada pelo setor.
Risco do investimento tende a crescer
Diante do aumento do turismo e da perspectiva de o país receber 600 mil visitantes durante a Copa, o investimento em hotéis passou a atrair pequenos aplicadores. Chamada de condo-hotel, a modalidade envolve a compra de quartos no lançamento, com remuneração conforme ocupação futura. O aporte inicial varia de R$ 250 mil a R$ 350 mil, e a promessa de rentabilidade chega a 1,4% ao mês.
Na Capital, boa parte dos lançamentos é calcada nesse modelo, o que tem garantido dinheiro para novas construções e diluição de risco de construtoras e redes hoteleiras. No lançamento do Duo Concept Intercity, em parceria com a Goldsztein Cyrela, em novembro passado, foram vendidas todas as unidades em três semanas, conforme o escritório Santos Silveiro, que fez o modelo legal da operação.
Apesar da euforia, especialistas e empresários recomendam atenção ao entrar no negócio. Parte dos empreendimentos promete retorno financeiro sem considerar o crescimento da concorrência e possível superoferta.
Além das questões de mercado, outros riscos devem ser observados. O principal é a possibilidade de a ocupação reduzida ser insuficiente para quitar os custos do hotel, o que obrigará investidores a pagar condomínio do próprio bolso. Além disso, quando concluídos os empreendimentos, os investidores podem ser chamados para fazer novo aporte em mobiliário.
Vagas em abundância
Hotéis em construção em Porto Alegre com inauguração prevista até 2014 e a quantidade de apartamentos:
Rede Master, na Av. Dom Pedro II: 100
Intercity/MGrupo, na Av. 24 de Outubro: 130
Intercity/MGrupo, na Av. Carlos Gomes: 117
Intercity/Cyrela, no Centro: 192
Viverone/GJP, no bairro Moinhos de Vento: 130
Rede Suarez, na Av. 7 de Setembro: 110
Rede Suarez, próximo à rodoviária: 100
Ibis Budget, na Av. Júlio de Castilhos: 354
Total 1.233
Outros projetos
Área da Arena do Grêmio: 245
Área do Pontal do Estaleiro: 200
Bandeira Master na Avenida Nilo Peçanha: 239
Na área da PUC-RS: 170
Próximo à estação Trensurb: desconhecido
Próximo ao aeroporto, a ser licitado pela Infraero: desconhecido
A estrutura na Capital
A Capital dispõe de aproximadamente cem hotéis, com um total de 16 mil leitos (7 mil quartos)
A ocupação média é de 62% dos leitos (considerada satisfatória pelo setor)
A ocupação tem crescido 4% ao ano, abaixo da oferta de leitos, que cresce 15%
Até o final de 2014, devem ser inaugurados 14 novos hotéis (considerando os já em construção e os projetados), uma oferta de mais 5 mil leitos (2 mil quartos)
Com 21 mil leitos a mais, a ocupação média na Capital cairia para 50% (considerado impraticável pelo setor)
Fonte: Zero Hora
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