Nos oito anos da gestão do governador Cid Gomes (2007 a 2014), a Secretaria de Turismo do Ceará (Setur) investiu R$ 2,28 bilhões, divididos entre intervenções em estradas, construção de novos empreendimentos e projetos diversos voltados para a melhoria da infraestrutura turística na Capital e Interior. Embora os investimentos tenham resultado em maior fluxo de turistas no Estado, o atraso de obras de grande porte fez com que os investimentos não tivessem o retorno atingido para o período esperado.
A distância entre a expectativa e a concretização dos empreendimentos é visível sobretudo no caso do Acquario Ceará. Orçado em US$ 150 milhões - em torno de R$ 390 milhões na cotação atual -, o empreendimento era previsto para ser inaugurado antes da Copa do Mundo de 2014. Todavia, apenas em outubro último o equipamento alcançou 30% de execução.
A demora na construção deveu-se, entre outros fatores, à intervenção do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que em 2012 embargou a obra exigindo a realização de estudos arqueológicos no local. À época, o secretário de Turismo do Estado, Bismarck Maia, afirmou que a paralisação trouxe custos adicionais para o serviço. O aluguel de uma das máquinas utilizadas na construção, afirmou, em 2012, custava R$ 10 mil. Considerando os 45 dias de paralisação, o gasto adicional, apenas com esse equipamento, pode ter chegado a um total de R$ 450 mil.
Conforme disse Bismarck Maia, na última semana, ao ser entrevistado pela reportagem, os custos inesperados no processo foram absorvidos pela empresa responsável pelo serviço, não repassando os gastos a mais para o Estado.
Perdas estimadas
O secretário aponta, entretanto, que o atraso fez com que o Ceará deixasse de receber o retorno esperado durante a elaboração do projeto do Acquario. A estimativa, indica, é que o funcionamento do Acquario gerasse um impacto entre R$ 400 milhões e R$ 450 milhões para a economia do Estado, considerando o aumento do fluxo turístico.
Ganhos
Apesar dos atrasos em outros empreendimentos, como o Aeroporto de Jericoacoara, o secretário afirma que os investimentos realizados nos últimos oito anos tornaram o Estado mais atrativo e preparado para receber os turistas, impulsionando o setor.
De acordo com balanço realizado pela Setur, a demanda da rede hoteleira de Fortaleza saltou de 1,08 milhão de pessoas, em 2006, para 1,81 milhão em 2014. No mesmo intervalo, a taxa de ocupação nos hoteis subiu de 57,4% para 72%.
Já a participação do setor no Produto Interno Bruto (PIB) aumentou de 9,4% para 15,7%.
Investimentos futuros
Para Bismarck Maia, os próximos investimentos no turismo cearense devem ser feitos na melhoria da infraestrutura das localidades visitadas pelos turistas, descentralizando os projetos.
"É hora de investir nas comunidades, de dar mais urbanicidade às localidades", ilustra.
Os investimentos em capacitação e inovação tecnológica, complementa, também deverão ser prioridades nos próximos anos. (JM)
Futuro
“É hora de investir nas comunidades, de dar mais urbanicidades às localidades”
BISMARCK MAIA
Secretário de Turismo do Ceará
Mais obras federais se arrastam no Interior
Iniciada em 2006 e prevista, à época, para ser finalizada em 2010, a ferrovia Transnordestina está com 44% das obras concluídas. A expectativa atual é que os 56% restantes sejam executados até o fim de 2016, com a inauguração de todos os trechos da obra rodoviária, a qual ligará a cidade de Eliseu Martins, no sertão do Piauí, aos portos de Pecém, no Ceará, e Suape, em Pernambuco.
Segundo a assessoria de imprensa da Transnordestina Logística (TLSA), responsável pelo serviço, a obra está em fase de mobilização em três lotes no Ceará, entre os municípios de Missão Velha e Acopiara. O canteiro principal está sendo construído no município de Lavras da Mangabeira. Também estão sendo executados, nos três lotes, serviços de escavação e construção de estradas de serviço. Esperada pelo setor produtivo cearense, que aguarda soluções para gargalos ligados à logística, a ferrovia terá 1.753km e vai passar por 29 municípios no Ceará, 19 no Piauí e 35 em Pernambuco.
Transposição
Outra obra há anos aguardada pelos cearenses, o projeto de Integração do Rio São Francisco está com 67,5% de execução.
Em relação à previsão anterior, dada no ano passado, o empreendimento já soma um ano de atraso. Atualmente, são realizadas obras no trecho entre as cidades cearenses de Brejo Santo e Jati. A expectativa é que as águas comecem a chegar no Ceará em setembro de 2015, enquanto a conclusão de todo o projeto deve ficar para o fim do próximo ano. No início de 2013, o Ministério da Integração anunciou que a as águas do São Francisco chegariam ao Ceará em setembro de 2014.
Metas
O objetivo do projeto, orçado em R$ 8,2 bilhões, é levar água para mais de 12 milhões de moradores de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. A expectativa é que o empreendimento minimize os efeitos da seca nos estados, além de fortalecer a agricultura das quatro unidades federativas contempladas. (JM)
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