Nem mesmo o compromisso público feito pessoalmente em emissoras de
televisão, rádios, jornais e sites pelo governador do Piauí, Wilson
Martins (PSB), surtiu efeito na retomada das obras do Aeroporto
Internacional Serra da Capivara, na zona rural do município de São
Raimundo Nonato, 525 km de Teresina. Passado-se quase 5 meses da promessa oficial, as obras no local continuam totalmente paralisadas, sem previsão para retomada.
No último final de semana nossa equipe sobrevoou o local (veja fotos
inéditas) e constatou que o único trecho parcialmente finalizado é a
pista de pouso e decolagem, mesmo assim com apenas 1.650 metros, quando o
projeto original, base para a liberação dos recursos, diz que a pista
deveria ter 2,5 mil metros. Em função disso, a Agência
Nacional de Aviação Civil (Anac), só liberou o local como aeródromo, sem permissão para operações comerciais.
Já o terminal de passageiros, principal área do aeroporto e que, quando
concluído, terá o formato de uma pintura rupestre, está com sua
estrutura entregue ao tempo, com colunas de concreto e barras de ferro
sendo danificadas pelo sol, chuva, poeira e ventos. Na entrada do
aeroporto que ainda não tem rede de energia elétrica nem abastecimento d’água, cercas de arame farpado não impedem a constante entrada de caprinos e bovinos, que dão as boas vindas aos visitantes.
As ideias para o local, formuladas há cerca de 10 anos pela equipe de
pesquisadores da Fundação Museu do Homem Americano (Fumdham), são
grandiosas. Planeja-se voos charter direto da Europa com milhares de
turistas que desejam conhecer as paisagens e a riqueza cultural do
Parque Nacional Serra da Capivara que é considerado Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco.
Na cidade, a expectativa dos empreendedores de turismo passa
obrigatoriamente pela conclusão do aeroporto. Com ele, os empresários
acreditam que o fluxo de visitantes terá um crescimento vertiginoso,
impactando positivamente a economia local, gerando empregos e fonte de
renda para uma população que vive assolada pelas constantes secas.
Nem mesmo a escolha da região com um dos destinos indutores da Copa do
Mundo de 2014 foi suficiente para que as autoridades governamentais
dessem prioridade a obra. Pelo ritmo que a obra caminhou nos últimos
anos, na melhor das hipóteses, o terminal do aeroporto de São Raimundo
Nonato começará a operar plenamente apenas alguns meses antes da copa de
2014, um sufoco para atender aos visitantes.
JORNAL FAZ LEVANTAMENTO DO DINHEIRO GASTO NA OBRA
Segundo o repórter João Domingos, em matéria publicada no
jornal O Estado de SP, no dia 4 de setembro passado, “o Aeroporto Serra
da Capivara deveria ter um custo total de R$ 20 milhões, mas a obra já
consumiu R$ 25 milhões e vai precisar de mais R$ 8 milhões para ser
concluída – e não se sabe quando.
A empreiteira Sucesso, que deverá tocar a obra até o fim, informou que
não sabe quando recomeçará a trabalhar na construção do terminal. Por
enquanto, mantém lá apenas um funcionário, que faz a vigilância da área.
A Sucesso pertence ao senador João Claudino (PTB-PI). A primeira
liberação do dinheiro para o aeroporto de São Raimundo Nonato foi feita
em 30 de dezembro de 2002. No penúltimo dia da gestão de Fernando
Henrique Cardoso, o governo federal destinou R$ 5 milhões para o futuro
aeroporto.
Em fevereiro de 2003, já no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, foram
anunciados outros R$ 7,43 milhões, provenientes do recém-criado
Ministério do Turismo. O então ministro Walfrido Mares Guia foi
pessoalmente ao Piauí anunciar o dinheiro, de um programa chamado
Prodetur Nordeste 2. As obras tiveram início em 2004. Mais à frente, o
governo Lula anunciou a liberação de outros R$ 8,33 milhões e o governo
do Piauí comprometeu se com outros R$ 5 milhões de contrapartida”.
fonte: www.180graus.com
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