terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Rio Grande do Sul oferece ampla diversidade turística


Por trás de uma generosa picanha que descansa, salgada e suculenta, sobre um campeiro fogo de chão, há um estereótipo a desbancar. Assim como o chimarrão, o churrasco é lema, bandeira, hino para os gaúchos. Talvez por isso essas referências fiquem tão evidentes a ponto de tornarem difícil imaginar o Rio Grande do Sul sem esses dois ícones de sua cultura. Mas desta vez, esqueça a costela de boi assada na brasa, as hortênsias a 0ºC na região da serra, a seqüência de degustação nas vinícolas e as gaitas sanfonando a beleza das prendas nos CTGs. Você vai conhecer um outro Rio Grande do Sul.

As temperaturas de verão são, digamos, nordestinas. Em um oásis de água fresca e sombra farta, entretanto, o calor se transforma rapidamente em um convite para trilhas, mergulhos e experiências próximas à natureza. O Salto do Yucumã, maior queda d’água longitudinal do mundo, é a preciosidade do Parque Estadual do Turvo, que pertence ao município de Derrubadas, na fronteira com a Argentina e o estado de Santa Catarina. O parque é o último reduto da onça-pintada no estado, e também serve de abrigo para outras espécies ameaçadas de extinção, como o puma, a anta e o pica-pau rei.

Preciosidades, aliás, brotam aos quatro ventos desta terra. Há menos de uma hora dali, a cidade de Ametista do Sul possui uma das maiores jazidas da pedra ametista no mundo. Exportada para mais de quinze países pelo seu alto valor comercial, a pedra é encontrada em galerias subterrâneas abertas à visitação no Ametista Parque Museu. Lá, turistas podem conhecer os garimpos e o processo de extração da ametista dos paredões de rochas de uma mina desativada. Na praça central da cidade, uma pirâmide de interior recoberto pelo cristal convida para um momento de meditação.

Não são poucos, aliás, os roteiros alternativos à badalação, que sugerem retiro espiritual durante a virada de ano ou as festas de carnaval. Na porção noroeste do estado, as coxilhas onduladas guardam uma história secular, onde a utopia de uma sociedade justa e solidária pode ter se tornado verdade. É o que revela, em 325 km de percurso, o emblemático Caminho das Missões.

O itinerário é um mergulho na trajetória das Missões Jesuítico-Guarani: 30 reduções, pequenas comunidades, foram fundadas durante o século 17 em territórios hoje pertencentes ao Paraguai, Brasil, Argentina e Uruguai. O objetivo da Coroa Espanhola era conquistar o território nas fronteiras dos impérios coloniais e difundir a fé cristã. Padres da Companhia de Jesus foram enviados e iniciaram a catequização de 150 mil índios guaranis.

Com a fusão das culturas indígena e européia, o ideal guarani da “Terra Sem Males” originou um novo modelo de civilização, “com um sistema social e econômico cooperativo e um alto grau de desenvolvimento tecnológico e cultural”, conta a historiadora Gladis Pippi.

As reduções prosperaram, mas com a expulsão dos jesuítas e a eclosão da guerra guaranítica, quase toda a população indígena foi dizimada e essa experiência acabou em pouco mais de 150 anos. Além da imortalidade desta cultura, restaram as ruínas de Sete Povos das Missões, por onde turistas e peregrinos hoje caminham em busca das lembranças da chamada “saga missioneira”.

Passar por sete cidades a pé é, relativamente, uma atividade de fôlego. Mas o fato é que o peso da mochila e do cajado não afugentou caminhantes do Brasil e do mundo desta experiência. Se for primavera, tanto será melhor. As paisagens revelarão todas as suas cores. Se for Lua Cheia, mais perfeito ainda. Muitos espetáculos do roteiro não podem mesmo ser apreciados no cotidiano. Muitos descobriram neste Caminho das Missões um jeito de meditar, uma janela para o autoconhecimento, ou, simplesmente, uma oportunidade para respirar o ar puro do interior brasileiro ou uma chance de ver a vida com outros olhos.

Num dos maiores corredores histórico-culturais da humanidade, a velha e boa gastronomia regional encanta os visitantes. Mas não só: a arte e o artesanato do indígena missioneiro saúdam o primeiro herói indígena brasileiro, Sepé Tiaraju, e recentes descobertas arqueológicas podem ser visitadas durante o percurso. Sítios arqueológicos como o de São Miguel das Missões, Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade tombado pela Unesco, continuam bem preservados. A igreja de São Miguel, por exemplo, dá idéia do avanço das técnicas da época: foi toda esculpida em pedra grês por mão-de-obra indígena, sendo que as pedras teriam sido retiradas de afloramentos rochosos dos arredores.

O Caminho das Missões pode ser feito a pé ou de bicicleta, individualmente ou coletivamente, em 13, sete ou três dias. Uma parte do percurso é vencida de barco, sob as águas do rio Uruguai. Antes da partida, na cidade de São Borja, os peregrinos participam de uma preparação técnica e mística, e recebem um amuleto. A chegada dos caminhantes se dá em Santo Ângelo, em frente a um exemplar recém-restaurado do conjunto arquitetônico missioneiro: a Catedral Angelopolitana.

Um Porto muito Alegre

Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, é um dos 65 destinos indutores do desenvolvimento turístico regional, municípios brasileiros que são o foco da política de regionalização do Ministério do Turismo. Esta metrópole, de traços joviais e reconhecida força econômica, tem no lago Guaíba o seu vizinho mais bonito. No coração verde da cidade, o Parque Farroupilha, apresenta dominicalmente o Brique da Redenção, uma tradicional vitrine da alma portoalegrense. Artistas plásticos, atores, capoeiristas, roqueiros, cantores líricos, artesãos e vendedores promovem o “encontro casual” das artes, antigüidades, cachorros a passeio, crianças de patinete, bandeirantes políticos, e, vejam só, turistas.

A capital mais meridional do Brasil oferece efeitos de cores no céu durante o pôr-do-sol. A aquarela fica especialmente bela em um passeio de barco pelo Guaíba, onde se revelam as paisagens das ilhas do Parque Estadual do Delta do Jacuí.

À noite, a Cidade Baixa, bairro antigo de arquitetura açoriana, é o ponto mais boêmio da cidade, com ambientes undergrounds. O Bom Fim, tradicional bairro judeu, é o preferido da juventude. O circuito glamoroso fica por conta do bairro Moinhos de Vento e na praia de Ipanema, na orla do Guaíba, a descontração predomina.

Se a serra gaúcha e o parque dos Aparados da Serra eram as únicas unanimidades do turismo gaúcho para quem pretende viajar neste verão, então agora o cardápio está um pouco mais completo.

fonte:http://www.jornaldeturismo.com.br/noticias/rs/30141-rio-grande-do-sul-oferece-ampla-diversidade-turistica.html

Ismailon Moraes

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