sexta-feira, 12 de março de 2010

Braztoa diversifica produtos em busca da classe C

A indústria de turismo brasileira tem muito campo para explorar. O grande desafio, segundo avaliação do presidente da Associação Brasileira das Operadoras de Turismo, José Eduardo Barbosa, é atrair a classe C para o consumo de viagens. "Cabe ao trade turístico entender as necessidades desse novo consumidor e desenvolver produtos especiais", afirmou o dirigente em entrevista ao MERCADO & EVENTOS. Esse público foi, inclusive, selecionado para ser o tema central do Fórum Braztoa que antecederá o 33º Encontro Comercial Braztoa, no próximo dia 25 de março. Com a entrada desses novos viajantes no mercado, a Braztoa já vislumbra resultados de vendas positivos para o ano de 2010. Somente nos primeiros 50 dias deste ano, a entidade obteve um desempenho 8% maior se comparado com 2008, melhor período comercial para as associadas Braztoa. "Isso significa que superamos totalmente a crise econômica do ano passado", diz.

MERCADO&EVENTOS – Com o crescimento do consumo pela classe C, como a Braztoa atuará para incentivar esse público a viajar?
José Eduardo Barbosa – Outros setores da economia como o automobilístico e o de varejo entenderam a dinâmica de consumo dessa classe e passaram a oferecer produtos específicos. Já está na hora do turismo aderir a essa tendência e as operadoras de viagens tem um grande papel nessa missão. O brasileiro quer boas oportunidades para viajar, seja para o Brasil ou para o exterior e é a partir desse pensamento que as associadas Braztoa irão atuar. Tivemos exemplos de diversas companhias aéreas como a Turkish Airlines, a El Al e até mesmo a U.S. Airways que entraram recentemente no mercado brasileiro com preços competitivos e condições diferenciadas e vêm somando resultados positivos. Aliado a isso, a economia brasileira conseguiu, mesmo com a crise do ano passado, se manter estável e não fez grandes cortes de emprego. Na verdade, a demanda por viagens dessa nova classe está provocando um efeito contrário, que é o reforço das equipes das operadoras. Diante disso, muitas associadas já oferecem condições de parcelamento vantajosas em até 24 vezes. Também vamos estimular que mais destinos internacionais recebam o turista brasileiro em português. A língua estrangeira não deve ser empecilho. Queremos mostrar que viajar é fácil e vale a pena.

M&E – No final de fevereiro, Barbados anunciou o primeiro voo regular e direto saindo do Brasil e solicitou o apoio das operadoras Braztoa para a comercialização. Como será feita a promoção de um destino internacional, sobretudo, para essa nova classe consumidora?

José Eduardo – Ficamos muito satisfeitos com essa conquista e algumas operadoras já se uniram em um pool para vender Barbados para o brasileiro. As empresas Flot, Nascimento Turismo, Sanchat Tour, Visual, CVC, Turnet, ADV e Monark lançarão roteiros para a ilha caribenha com preços especiais durante o encontro comercial. Profissionais dessas operadoras já visitaram in loco Barbados e fecharam acordos com os operadores da ilha. Teremos pacotes com condições de pagamento diferenciadas. É uma maneira de mostrarmos ao brasileiro que comprar antecipadamente é melhor. Hoje, o turista brasileiro adquire sua viagem com apenas 20 dias de antecedência. Os britânicos, por sua vez, compram seus pacotes até oito meses antes. Além disso, é uma maneira de desmistificar o receio de se realizar uma viagem internacional. Barbados ficará mais perto do Brasil a partir de 26 de junho, quando a capital Bridgetown começar a receber um voo semanal do Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo. A Gol/Varig será a companhia aérea responsável pela operação. Com essa ligação, o turista brasileiro chegará a Bridgetown em seis horas e não necessitará mais de visto. Com a oferta atual, o passageiro tem que ir até Miami (Estados Unidos) em uma viagem de mais de oito horas, esperar pela conexão e estar com o visto norte-americano em mãos. Só há benefícios.

M&E – Faça uma avaliação das vendas Braztoa em 2009 e fale sobre as expectativas para 2010? Para a temporada de esqui, qual será a oferta das associadas?
José Eduardo – De modo geral, crescemos 10% na comercialização de pacotes de viagens em relação ao ano anterior. As capitais do Nordeste, especialmente a Bahia, e o Rio de Janeiro, foram alguns dos destinos mais vendidos. No mercado internacional, registramos boas vendas para os Estados Unidos, Argentina, Europa, África do Sul e até uma retomada de demanda para o México. No dia 25 de março, durante o encontro comercial, iremos apresentar uma ampla pesquisa sobre os impactos nas vendas para as operadoras em 2009 e as expectativas para 2010. No momento, posso adiantar que nos primeiros 50 dias deste ano obtivemos um desempenho 8% maior se comparado com 2008, melhor período comercial para as associadas Braztoa. Isso significa que superamos totalmente a crise econômica do ano passado. Afinal, esse resultado está baseado em novas reservas, ou seja, em viagens para serem feitas este ano. Para a temporada de esqui, especificamente, devemos ter dez voos fretados por semana para as estações do Chile e da Argentina e para a região da Patagônia.

M&E – Desde o ano passado, o número de associadas e afiliadas à Braztoa aumentou abruptamente, e agora soma 76 membros. O que motivou esse crescimento?
José Eduardo – A Braztoa vem sendo reconhecida como uma entidade que luta pelos direitos do setor e tem recebido inúmeros pedidos de filiação. Entendemos que a sinergia das operadoras com outros segmentos do turismo só tendem para o fortalecimento. Somos bastante criteriosos e todas as empresas devem passar por uma votação em assembleia. Além da Royal Caribbean, mantemos como associadas do ramo marítimo outras empresas como a Costa Cruzeiros e a MSC Cruzeiros. Também passamos a receber candidaturas de companhias representantes do turismo de outros países como a Interamerican e a Doubleem Representações. Nosso próximo passo é integrar as secretarias de turismo ao nosso quadro de mantenedores. Formamos na Braztoa uma equipe para estreitar o relacionamento com os órgãos de promoção turística brasileiros. É uma forma de estimularmos a divulgação do destino e, ao mesmo tempo, incrementar nossas vendas.

M&E – No que tange aos estados, a Braztoa vem atuando forte em busca de parcerias. Há dois anos iniciou um trabalho de promoção e vendas com Minas Gerais e agora estuda propostas em conjunto com a Amazonastur. Como está esta negociação? Há outros projetos em curso?

José Eduardo – Fizemos duas reuniões com a diretoria da Amazonastur e a ideia é formatar um programa de capacitação para os operadores e outro projeto voltado para os agentes de viagens, apresentando as atrações do Estado do Amazonas e definindo aqueles que seriam viáveis para comercialização entre o público brasileiro. À princípio decidimos que o Amazonas precisa ser vendido como um destino cívico. O brasileiro deve valorizar mais esse produto. Infelizmente, as estatísticas apontam que a região amazônica recebe mais visitantes internacionais. Isso pode ser revertido e a Braztoa pode contribuir, treinando mais os profissionais de turismo a vender com excelência esse grande destino brasileiro. Também iniciamos com o Estado do Espírito Santo a parceria para um trabalho de qualificação. No final de fevereiro, promovemos em nossa sede em São Paulo, um encontro de negócios entre os hoteleiros daquela região e os operadores associados. Além disso, fizemos reuniões com o Estado da Paraíba e tudo indica que em breve firmaremos um novo acordo de promoção e vendas conjunto.

fonte:http://www.mercadoeeventos.com.br/script/FdgDestaqueTemplate.asp?pStrResolucao=1024&pStrLink=2,254,0,55609&IndSeguro=0

Ismailon Moraes

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