A AGU (Advocacia Geral da União) e a Infraero divulgaram no início da
noite desta quarta-feira que conseguiram na Justiça a retomada das obras
do terminal remoto do aeroporto internacional de Guarulhos de
Guarulhos, em São Paulo.
As obras foram embargadas pela Justiça Federal na segunda-feira, atendendo a um pedido feito pelo Ministério Público Federal.
Apesar do embargo, os trabalhos continuavam ontem --a construtora Delta, responsável pela obra, disse que seguia trabalhando pois não havia sido notificada da decisão.
A Justiça havia determinado a imediata paralisação da obra, por meio de
liminar, por falta de licitação. A Infraero alegou urgência, pela
proximidade da Copa do Mundo de 2014 e para evitar caos aéreo no fim do
ano. O caráter emergencial permite dispensa de processo licitatório.
A contratação da Delta se deu por meio de carta convite a quatro grandes
construtoras. A Delta apresentou a menor proposta, no valor de R$ 85,75
milhões. Na manhã desta quarta-feira, a presidente Dilma Rousseff afirmou estar
"muito preocupada" com as obras "há oito anos", e que quer que o
terminal esteja pronto em dezembro.
Segundo a Presidência, o TRF (Tribunal Regional Federal) da 3ª Região
aceitou um agravo de instrumento da AGU que argumentava que a
paralisação das obras representaria "grave lesão ao Estado e aos
usuários". Dilma se disse "preocupada" com medidas que "não são tomadas com serenidade". Ela se referia à decisão de paralisar as obras.
"O que nós fizemos em relação à obra de Guarulhos, por urgência e
emergência, é muito importante. E o governo, antes de tomar medidas, nós
não tomamos sem avisar que íamos fazê-lo. Nós avisamos tanto o Tribunal
de Contas da União, quanto o Ministério Público. Então, estamos
tranquilos porque fizemos de forma clara e transparente", disse ela. Segundo a presidente, a urgência não é para a Copa, "Nós fizemos a
'urgência' e a 'emergência' para atender Guarulhos em dezembro", disse
ela.
A Delta afirmou, ontem, que os preços foram "minuciosamente examinados"
pela Secretaria de Fiscalização de Obras do TCU e que "demonstram
claramente serem os menores já contratados pela Infraero para obras
aeroportuárias de grande porte".
Empresa controlada por Fernando Cavendish Soares, a Delta lidera, há
dois anos, o ranking das construtoras com mais contratos com o governo
federal. A empresa integra o consórcio que executa a reforma do estádio do Maracanã, no Rio, ao lado de Andrade Gutierrez e Odebrecht.
NOVO TERMINAL
O terminal será localizado em uma área antes ocupada pelos terminais de carga da Vasp e da Transbrasil.
Ele terá capacidade para 5,5 milhões de passageiros e 600 vagas de
estacionamento. O terminal não terá posições de pontes de embarque, que
conectam a sala de embarque às aeronaves. O acesso aos aviões será feito
por meio de ônibus.
Recentemente, a Infraero inaugurou outro terminal provisório, com
capacidade para 1 milhão de passageiros. Esse terminal foi ocupado por
empresas menores, como Passaredo e Trip.
Apesar da urgência da obra do terminal remoto, a Infraero não tem
definido quais companhias aéreas deverão operar no terminal. Ele é muito
grande para as empresas de pequeno porte, que já estão instaladas no
novo terminal provisório. E as grandes companhias, Gol e TAM, não querem
deixar as suas posições atuais.
O desejo da Infraero é levar a Gol para o terminal remoto, mas ainda não
foi feita uma consulta formal à companhia. O aeroporto de Guarulhos tem
capacidade para 20,5 milhões de passageiros. Em 2010, operou com 26,8
milhões.
Além da paralisação imediata das obras, a decisão judicial proíbe a
Infraero de efetuar qualquer pagamento à Delta até o final do julgamento
da ação. A multa diária pelo descumprimento da decisão é de R$ 100 mil.
Uma segunda obra --desta vez com licitação, que deverá será publicada
neste ano-- deverá ser feita na sequência, para transformar o antigo
hangar da Transbrasil em outro terminal remoto. Essa etapa deverá ficar
pronta até maio de 2012.
fonte: www.uol.com.br
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