Há certo ar de fim de festa entre os
turistas brasileiros. Com o dólar a R$ 2, viagens para outros países
ficaram mais caras e muita gente tem pensado duas vezes antes de tirar o
passaporte da gaveta. Mas, se hoje o clima é de quase ressaca, há um
grupo que aproveitou bastante a recente festa do turismo internacional:
as companhias aéreas estrangeiras. A venda de passagens por essas
empresas quase dobrou em dois anos. Se fizessem parte da balança
comercial, as passagens já seriam o oitavo item mais importado pelo
Brasil.

O
crescimento econômico e o aumento da renda foram verdadeiros ímãs do
mercado aéreo do País. Com o reforço de rotas antigas e a abertura de
novas linhas sem reação à altura da concorrência brasileira, os aviões
estrangeiros lotaram aeroportos brasileiros. Hoje, a cada cinco
viajantes que vão para a Europa, por exemplo, só um viaja em empresa
brasileira. Uma década atrás, a divisão era mais equilibrada, quase meio
a meio.
Basta
olhar o movimento nos terminais para ver que muita coisa mudou. Há uma
década, a briga era mais acirrada: estrangeiros e brasileiros disputavam
passageiros quase em pé de igualdade. Em 2000, por exemplo, aéreas
nacionais carregaram 43% dos passageiros que voaram entre o Brasil e a
Europa. Em 2011, a participação já era menos da metade: 21,6%, segundo a
Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Para os EUA, a fatia das
brasileiras diminuiu de 40% para 31,5% no mesmo período.
Contas
externas. Muito além da concorrência, o movimento começa a gerar efeito
até nas contas externas. Dados do Banco Central mostram que, em 2011, a
conta para pagar bilhetes aéreos em estrangeiras alcançou US$ 3,8
bilhões, novo recorde. O valor cresceu 30% na comparação com 2010 e
subiu 90% em dois anos. Desse montante, US$ 2,04 bilhões foram pagos às
empresas dos Estados Unidos, o que torna o Brasil o quinto maior
comprador de passagens daquele país, atrás apenas do Japão, Canadá,
Reino Unido e México. Dez anos atrás, o Brasil estava em sétimo.
Ultrapassou a Alemanha e a França nos últimos anos.
De janeiro a abril deste ano, os
gastos continuam elevados e US$ 1,2 bilhão já foi gasto em quatro meses.
Esses valores, vale lembrar, não fazem parte da chamada conta de
"viagens internacionais". São contabilizados separadamente.
Opções.
"Os números são impressionantes e mostram a mudança na regulamentação
do mercado e a saudável opção das empresas brasileiras de operar apenas
nas rotas que têm sentido comercial, que dão lucro", diz Gustavo Murad,
gerente da Amadeus, empresa que administra sistemas de reserva e venda
de passagens para grandes aéreas do mundo.
Um
executivo do setor que pede para não ser identificado diz que a queda
das brasileiras é resultado de uma opção do governo. Segundo ele, houve
forte desregulamentação nos últimos anos, com o término da imposição de
preços e o gradual fim dos controles de mercado - itens que ajudavam as
nacionais.
"Desde
o início dos anos 2000, especialmente nos últimos anos, o governo optou
por liberar os voos, com preços livres e liberdade na criação de linhas
entre o Brasil e os Estados Unidos e Europa. Essa política de ‘abertura
dos céus’ foi nefasta para a aviação brasileira", diz o executivo. ao
Internet Banking Caixa (IBC), podem apostar pelo computador.
fonte: www.estadao.com.br
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