quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Sonho de abrir pousada custa caro e exige dedicação integral; veja dicas


Sonho de muitos brasileiros, abrir uma pousada na praia ou na montanha para viver num lugar tranquilo e paradisíaco é um investimento alto -- de dinheiro e de tempo. E o empreendedor também precisa se preparar para custos pesados de manutenção, lucro baixo e dedicação integral.
Para começar do zero, é preciso dispor de pelo menos R$ 1,5 milhão, que serão aplicados na compra do terreno, construção, equipamentos e mobiliário, treinamento de mão de obra, formalização da empresa e gastos com marketing para divulgação, diz Roberto Miranda, especialista em gestão de pousadas que já formou mais de 3 mil empreendedores na área.

Segundo Miranda, o potencial de faturamento desse tipo de negócio pode ser considerado baixo, pois as pousadas de lazer operam com um terço de ocupação anual, em média. Para uma hospedagem de 20 suítes, por exemplo, os custos de manutenção podem variar de R$ 20 mil a R$ 25 mil mensais e lucro médio fica em torno de R$ 15 mil (veja simulação no quadro abaixo).


Arrendamento é opção para começar com baixo capital


Uma opção para quem não dispõe de tanto capital para começar é o arrendamento. Essa foi a solução que o designer gráfico Marcos Jonas e a psicológa Renata Tomeo encontraram para realizar o sonho de ter uma pousada e fugir do caos urbano de São Paulo. O casal paga um preço fixo mensal para operar a Pousada Mel, em Paraty (litoral sul do Rio de Janeiro), que tem sete quartos. Eles cuidam de toda a operação e administração.
“Chegamos em 2009 e demos uma reerguida no negócio, que estava parado. Investimos em marketing e colocamos a mão na massa", diz. E a dedicação é integral. "Como empreendedor, faço tudo: cuido da manutenção, manobro carros, arrumo quartos. Revezo com minha esposa no atendimento a clientes e ela cuida mais da administração.”
A opção do casal por trabalhar com uma estrutura enxuta é motivada pelo estilo de vida mais tranquilo que querem ter. “Paraty é um lugar muito sossegado, aqui temos qualidade de vida. A diferença no ritmo foi um choque no início, mas conseguimos nos adaptar. Moramos dentro da pousada, o que é difícil, pois você está sempre trabalhando, mas podemos receber parentes e amigos”, diz.

Escolha do local pode definir sucesso do negócio

Paraty é uma cidade com calendário de eventos que se estende pelo ano todo, o que aumenta a ocupação das pousadas e ajuda no equilíbrio das contas entre a alta e a baixa temporada.
Segundo o especialista Roberto Miranda, a escolha do local faz toda a diferença para o sucesso do negócio. “O turista não viaja para se hospedar, ele se hospeda em função da viagem, então, quanto mais atrativos o lugar tiver, melhor."
Como a sazonalidade é um fator que afeta as finanças desse tipo de negócio, é importante que o local receba turistas também fora das temporadas. "Procure destinos onde o tempo de permanência do viajante seja maior, que tenha calendário de eventos, infraestrutura turística com passeios, restaurantes e hospitais, que tenha um valor médio de diárias alto."
O local ideal, segundo ele, é também aquele que desperta a vontade de voltar. "Também é interessante que o turista não esgote o local na primeira viagem, ele tem que querer voltar para conhecer mais”, diz.

Gostar de pessoas é fundamental


Miranda diz que investir em nichos específicos de público, serviços diferenciados, parcerias, permutas e patrocínios são maneiras de aumentar a ocupação durante o ano. Além de fazer um bom marketing, o empreendedor tem que gostar de receber pessoas e estar presente no negócio.
“Hóspedes que frequentam pousadas têm a expectativa de conhecer o dono. Também é necessário ser flexível, permitir a entrada antes do início da diária ou a saída depois um pouco depois do horário, por exemplo”, declara.
Thiago dos Santos é dono da Pousada Etoile, em Juquehy, uma praia no município de São Sebatião (191 km a leste de São Paulo). Ele diz que o empreendedor tem que estar atento a todos os detalhes para que o empreendimento funcione bem e que os funcionários têm que estar preparados para lidar com os variados tipos de hóspedes.
“Conseguir mão de obra qualificada é uma dificuldade, mas é possível ensinar. Aqui na pousada somos como uma família”, diz Santos.
O especialista em gestão de pousadas diz que encontrar bons profissionais é a principal dificuldade dos donos de pousadas, mas que, apesar da alta rotatividade de funcionários no segmento, é importante investir nessa área.
“O problema não é só a capacitação técnica, é a educação de base. O funcionário tem que saber se portar, escrever e falar corretamente. O empreendedor tem que ter a visão de que o investimento em pessoal dá retorno, pois os brasileiros estão mais exigentes e querem ser bem tratados”, declara Miranda.

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