As cenas poderiam ser da novela "O Rei do Gado", exibida em 1996 pela Globo. Ou ao menos constar em sua abertura, conhecida pelos insistentes rodopios do ator Antônio Fagundes montado a cavalo, cercado por gado.
É cedo em um campo a perder de vista, peões aos galopes atravessam córregos e se embrenham por estradas de terra e caminhos cheios de arbustos que só eles conhecem.
No meio do trajeto, um boi teima em abandonar seu rebanho. A poeira espalha-se pelo ar. Tudo parece novela, e você é um mero espectador. Até que, sem consulta prévia, seu cavalo dispara à procura do animal fugidio.
Dia de peão
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Funcionários da fazenda Piuval, no Pantanal mato-grossense, tocam o rebanho
O episódio não aconteceu por acaso: ele fez parte do "Dia do Peão", uma das atividades disponíveis na pousada Piuval (0/xx/65/3345-1338), em Poconé, a 100 km de Cuiabá, no Pantanal mato-grossense.
Na atração, que custa R$ 120, o turista acompanha o trabalho de funcionários da pousada --a "carga horária" é combinada de acordo com a vontade do cliente.
A pousada fica dentro de uma fazenda de criação de gado. Se quiser dormir por lá, a diária, para casal, é R$ 350.
Em geral, quem faz o passeio vai a cavalo até os "rodeios" --como são chamados os locais isolados no pasto onde os animais permanecem constantemente soltos.
Lá, verifica-se se é preciso ajudar no parto de bezerros, se algum animal precisa de remédio, ou se é necessário dar água, comida ou sal mineral --este último serve para repor nutrientes ausentes no pasto.
VACINA E GUARANÁ
Por volta das 7h, um grupo de cinco funcionários já está a postos, de chapéu, calça de couro e cavalo selado.
Para marinheiros de primeira viagem, é bom anotar: não vá sem chapéu, calça jeans, camisa e filtro solar. O sol é intenso e não há sombra.
Na visita feita pela Folha, o dia era de vacinação. Na ocasião, que só se repete duas vezes ao ano, o gado é trazido em diferentes grupos para o estábulo. Se já foram desmamados, os filhotes recebem a marcação a ferro.
Alguma experiência na montaria é bem-vinda. O cavalo pode tomar conta da situação se as rédeas não estiverem, literalmente, curtas. Mas um guia, que acompanha a empreitada, deixa os turistas menos preocupados.
Uma região alagada e uma estrada são percorridas até se chegar ao "rodeio". Lá, o gado é cercado por todos os peões (incluindo você), que entoam onomatopeias até os animais seguirem caminho.
De volta ao curral, antes da vacinação, o grupo repete um ritual diário: mistura em um pequeno copo água e pó de guaraná. É o "guaraná pantaneiro", combustível do qual não abrem mão.
Há ainda um grupo a ser vacinado antes do fim do dia. Uma vaca, mais rebelde, escapa e tem de ser laçada. Feita a vacinação, os animais são levados de volta ao "rodeio". Foi o tempo exato de o Sol cair. Depois do trabalho, ainda dava tempo de ir à piscina.
fonte: www1.folha.uol.com.br
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