I Festa do Baião resgata a identidade cultural de União (PI)

Quando Sebastião Alves de Santana nasceu, no povoado Volta dos Cadetes, zona rural de União, o baião já era uma dança tradicional entre a comunidade local. Com uma família formada, predominantemente, por sanfoneiros, o jovem, anos mais tarde, se tornaria o famoso Sebastião Cadete. “Eu me encontrei nessa cultura, comecei com o pandeiro e depois fui para a sanfona. Hoje já toco com meus filhos e netos, passando a tradição para o restante da família”, explica Sebastião Cadete, 66 anos, que é uma das lendas vivas do baião na região de União. Hoje, além de pequeno agricultor, seu Sebastião Cadete vive da música, apresentando-se em eventos em várias cidades piauienses, também fazendo parte da Orquestra Sanfônica do Piauí.

Ele e outros artistas do município se apresentaram durante o último final de semana no anfiteatro do Parque Beira Rio, na I Festa do Baião, que propõe o resgate da identidade cultural de União, através da preservação da música e da dança. A Festa do Baião é uma realização da Fundação Cultural José Benício Medeiros, por meio da Prefeitura Municipal de União. Durante a programação foram realizadas feiras solidárias para arrecadação de alimentos para comunidades carentes, bem como apresentações artísticas com grupos locais e nacionais. Dentre eles estavam Isaac do Acordeon, Julio Medeiros e Banda, Gonzaga Lu e Trio Nordestino.

Para Gustavo Medeiros, prefeito de União, o resgate da cultura local é uma forma de manter viva a tradição do baião, que está presente em União, como também em outros municípios vizinhos. A ideia é fazer com que o festival se torne conhecido no calendário, atraindo um número cada vez maior de pessoas. “No próximo ano queremos fazer algo bem maior, agregando as comunidades do Maranhão e de outras cidades piauienses que possuem essa cultura do baião e do São Gonçalo. Para além da festa, a prefeitura também tem projetos de preservação da cultura do baião, que vão ser desenvolvidos na escola sob o comando doartista Mundico Rabequeiro”, ressalta.

O grupo de Baião “Soares Gastão Medeiros”, oriundo da zona rural de União, se apresentou no primeiro dia de evento, fazendo uma homenagem a São Gonçalo. Composto por 16 pessoas, entre homens e mulheres, o grupo é formado por pessoas de todas as idades, que incorporaram a dança em suas vidas desde cedo. “Eu danço com meu marido e alguns sobrinhos em todos os eventos que chamam a gente. Nem precisa de ensaio, basta a música tocar e a gente improvisa”, comenta Luzia Lima de Sousa, 56 anos, coordenadora do grupo de Baião.

De acordo com Antônio Carlos Ferreira, produtor cultural e presidente da Fundação Cultural José Benício Medeiros, o evento se destaca por sua tradição histórica, pois o Baião, nessa localidade, é uma dança que vem desde o tempo em que a mesma se denominava Estanhado. Por volta do século XVIII e XIX, o Baião sempre animava as festas no período da quaresma, sendo considerada como uma dança que representava a devoção dos moradores da comunidade durante o período da semana santa. “Hoje temos famosos representantes da nossa cultura, como o Isaac do Acordeon, Sebastião Cadete, entre tantos outros. Por isso merecemos essa Festa do Baião para homenagear todos os artistas que estão honrando nossas raízes e tradições”, afirma.

Fonte: http://www.portalodia.com/