quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Turistas pagam R$ 250 para Réveillon em laje de favela de Copacabana


Seis policiais armados com fuzis estão na rua de entrada da favela Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, na zona sul do Rio. Ao lado do veículo da Polícia Militar, o argentino Fernando Froy, 40, exibe uma camiseta com o texto: "The First Réveillon - Festa na Laje 2010".

Ele e outros 13 turistas vão pagar R$ 250 para passar a virada numa das lajes da favela, "pacificada" recentemente --o governo do Rio instalou lá, no último dia 23, uma Unidade de Polícia Pacificadora, posto policial implantado em favelas onde o tráfico foi desarmado.

Moradora da favela Pavão-Pavãozinho na laje onde haverá a festa para turistas
"Me parece fabuloso estar no Rio neste momento de integração", dizia o turista argentino ontem. "Não temo os policiais e acho que a própria comunidade já está entendendo e aceitando a pacificação."

Ele conta que, quando um helicóptero foi derrubado por traficantes no morro dos Macacos, em novembro, "amigos estrangeiros ficaram preocupados e temiam que o Rio ficasse perigoso até o Réveillon".

"Eu expliquei sobre a pacificação e disse que as pessoas da favela são normais, fazem as mesmas coisas que nós. Não há diferenças", afirma ele, que atualmente se divide entre Ipanema e Palermo, bairro nobre de Buenos Aires.

À tarde, o argentino acompanhou o empresário Daniel Plá, que organiza a festa com uma agência de turismo, até a laje no Pavão-Pavãozinho. É preciso subir 300 degraus até a casa de Azelina Viana da Silva, 76, moradora da favela há 60 anos.

Merendeira aposentada de uma escola em Copacabana, Azelina tem preparados cerca de 400 salgadinhos para receber os turistas na virada. Vizinhos do morro e parentes do subúrbio também levarão quitutes à ceia dos estrangeiros.

Desde que conseguiu trocar as telhas pelo concreto da laje, há cinco anos, Azelina convida os amigos para assistir à virada de lá. É a primeira vez que abre a casa a estrangeiros. "Tudo mudou, minha filha. Quando cheguei aqui, não tinha prédio, não tinha fogos. Era só Iemanjá", lembra a aposentada.

A ceia dará direito a espumante, refrigerante e caipirinha --cerveja, na opinião de Azelina, seria um risco: "Aqui é muito alto! Não pode ficar bêbado, não".

Dos 30 ingressos disponibilizados pela agência Ipanema 4 Travel, 14 estão vendidos. O projeto, aliás, é ter 40 lajes do morro para a virada do ano que vem.

fonte:http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u672733.shtml

Ismailon Moraes

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