Aos números, antes de falar da futura unidade de conservação Serra das Confusões, no Piauí: a caatinga, único bioma genuinamente brasileiro e quase totalmente localizado no Nordeste, já perdeu 45,39% de sua vegetação até 2008. Restam 53,62% dos 826.411,23 quilômetros quadrados que existiam quando Pedro Álvares Cabral descobriu o Brasil, em 1500. A taxa anual média de desmatamento entre 2002 e 2008 tem sido de 2.763 km2.
A caatinga serve para fazer lenha e carvão, produtos que abastecem a indústria siderúrgica de Minas Gerais (que também tem alguma caatinga) e do Espírito Santo e o pólo gesseiro e cerâmico nordestino. Em menor escala, a pecuária substitui a caatinga.
O Piauí é o terceiro maior desmatador (A Bahia e o Ceará são mais vorazes). Segundo o monitoramento do Ministério do Meio Ambiente, a caatinga piauiense já perdeu 30,55% de sua vegetação remanescente. Ela ocupa 63% do território de 251.529 km2 (a caatinga representa 157.985 km2). A área desmatada entre 2002 e 2008 foi de 2.586 km2. Nesse ritmo, até o fim do século XXI não haverá mais caatinga em pé no Piauí e em lugar nenhum. São cálculos estatísticos do ministro Carlos Minc.
Ele e o governador do Piauí, Wellington Dias, concordaram em transformar o Estado em exemplo de conservação da caatinga. O Parque Nacional da Serra das Confusões, em Caracol, será transformado na maior unidade de conservação desse bioma ameaçado. Ganhará mais de 200 mil hectares até alcançar a Serra Vermelha. "Ainda é pouco", diz Carlos Minc, não dando ouvidos aos protestos de que o semiárido do Piauí poderá ficar engessado. Já tem o Parque Nacional da Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato.
"É uma palhaçada. Em que o Piauí será beneficiado com essa unidade, sem condições do homem fazer qualquer exploração sustentável?", reclama com veemência o deputado Marcelo Castro (PMDB-PI). Para ele, há um exagero do Ministério do Meio Ambiente ao dizer que um terço da caatinga do Piauí já foi desmatada. "Basta uma viagem de carro ou um sobrevoo para constatar que o Piauí continua intacto", afirma o deputado.
Com os dados sobre o desmatamento da caatinga, o próximo passo será a criação de um fundo para investir na conservação, fiscalização e na mudança do modelo de exploração econômica do bioma, praticamente voltado para a produção de energia (carvão e lenha). Até energia eólica no semiárido é considerada uma alternativa pelo Ministro do Meio Ambiente.
Operações Ibama - O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) prepara para este mês de março 25 operações de combate ao desmatamento da caatinga em todos os Estados do Nordeste e em Minas Gerais.
A ordem é "bater forte" contra o desmatador e o receptador da lenha e do carvão ilegais. Serão operações "pedagógicas" para mostrar que o Ministério do Meio Ambiente não é um "samba de uma nota só", apenas preocupado com a Amazônia. Todos os biomas do Brasil estarão sob monitoramento até o fim.
"O Nordeste será um dos mais afetados pelas mudanças climáticas até o fim do século. A caatinga é o bioma mais vulnerável. Por isso, a necessidade da criação de unidades de conservação para evitar que a região perca força econômica. Nós procuraremos formas alternativas de exploração da caatinga", afirma Carlos Minc, um admirador do turismo ecológico. A próxima grande unidade de conservação será anunciada para a Bahia.
fonte:http://www.acessepiaui.com.br/brasilia/ministro-quer-piau-como-exemplo-de-conserva-o-da-caatinga/5780.html
Ismailon Moraes
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