Por R$ 20 mil é possível comprar uma casa de 100 m² num lote de 300 m²
na cidade de Coronel José Dias, a 550 quilômetros ao sul de Teresina.
Mas um quiosque de 25 m² poderá custar aos cofres públicos R$ 239,5 mil,
ou R$ 9.582 o metro quadrado, valor equivalente ao cobrado em áreas
nobres de São Paulo ou Brasília.
Até o senador Wellington Dias (PT-PI), então governador do Piauí quando
a obra começou, admite que a situação de Coronel José Dias "é
constrangedora" e "motivo de vergonha". A cidade, próxima a duas das
principais entradas do Parque Nacional da Serra da Capivara, tem 4.541
habitantes, dos quais cerca de 2 mil na área urbana e o restante em 13
comunidades rurais. A sede não comporta nove quiosques - por
coincidência, o número de vereadores da cidade.
Mesmo assim, o governo do Estado decidiu fazê-los. Oito deles começaram
a ser levantados ao longo da BR-020 no trecho de cerca de 1 quilômetro
que corta a cidade. O outro fica na Praça São Pedro, distante 600
metros. Para os nove quiosques, mais a urbanização da Praça São Pedro, foram
destinados R$ 2,15 milhões, dos quais R$ 1,39 milhão do Ministério do
Turismo. A vencedora da licitação foi a Construtora Fênix, que não deu
conta de terminar os quiosques.
Estão todos abandonados, servindo de banheiro público sem que tenham
nenhuma das instalações sanitárias prontas. Procurada pelo Estado, a
construtora não quis se manifestar. "Não tem gente para frequentar tanto boteco", disse o lavrador
aposentado José Pereira dos Santos, de 72 anos. Ele contou que a empresa
chegou, arrebanhou cerca de 50 trabalhadores locais, começou a obra e
não pagou os salários. Já o secretário de Infraestrutura de Coronel José
Dias, Jonas Oliveira, afirmou que os trabalhos foram suspensos logo
após a eleição do ano passado, que elegeu Wilson Martins (PSB)
governador e Wellington Dias senador. "Foi um caso típico de uso de uma
obra para a eleição", disse ele.
O governo do Piauí informou ao Estado que vai romper o contrato e fazer
nova licitação, além de mandar refazer todo o serviço, porque as obras
estão fora da especificação. "Vamos cancelar o contrato", disse o
secretário de Infraestrutura do Piauí, Sílvio Leite. "Já pagamos R$ 650
mil para a construtora e estamos devendo R$ 125,8 mil. Mas só
repassaremos o dinheiro se a empresa substituir o material que usou na
obra", disse.
fonte: www.180graus.com
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