sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Lixo e luxo no carnaval do litoral do Piauí

Porsche, lixo, xixi no muro, água de coco a R$ 5. Nove entre cada dez meninas aparecem com biquinis de crochê, e há apenas três músicas possíveis de serem ouvidas repetidamente (muitas vezes ao mesmo tempo, em carros de som que disputam o espaço das ondas sonoras em poucos metros de paciência): "Muriçoca", "Pararatibum" e "Shineray". Não ouse levar um livro para ler na praia e, se for pensar em se deitar e bronzear-se, cuidado: grandes chances de ser atropelada por algum veículo.

Os vendedores oferecem de tudo: queijo coalho, camarão, ostra, óculos, chapéu, crepe e picolé. Por um momento penso estar presa em 1998: uma mulher passa oferecendo tatuagem de henna e trança de tererê no cabelo. A moda é cíclica, vai ver ela já está na vanguarda e não no passado. 

Na Atalaia, onde há maior concentração de famílias, os carros continuam circulando em meio à areia e próximo ao mar, contribuindo para a insegurança dos banhistas."Se você pega sol. algum carro pode te pegar" - deveria ter essa placa.

A divisão social é sentida com a segregação das praias, sendo o Coqueiro o local onde turistas e jovens endinheirados, principalmente, passam o dia e a noite regados ao álcool. Próximo à Barraca da Praia, na praia do Coqueiro, o lixo e o cheiro de urina convivem lado a lado com mansões de vidros espelhados, piscinas com vista para o mar e carros de luxo, como Porsche e BMW, que custam na casa dos R$ 300 mil em média.

O luxo e o lixo convivem, literalmente, juntos em pequenos flashes do período de carnaval na cidade litorânea de Luís Correia.

Dá até para bolar uma marchinha: "Mas pra quê tanto dinheiro, se você vai pro Coqueiro e não sabe nem usar o banheiro?".

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